Vanessa Cardoso, licenciada em Direito, é uma jovem mãe, que vive em Luanda. Apaixonada pelo filho e pelo mundo literário, decidiu combinar os dois “ingredientes” no “Diário de um repolho”, um livro modesto de quem assume pouco ou nada saber sobre a aventura de criar um bebé.
Como pode ler-se no livro, Vanessa sobreviveu a choros desesperados, a noites mal dormidas, fomes e birras para criar este livro.
Longe da pretensão de criar uma obra-prima de literatura, ficou-se por um relato despretensioso.
O SAPO Lifestyle falou com a autora para saber mais sobre o livro e a experiência de o escrever em nome do João, carinhosamente apelidado de "Repolho".
O que a levou a escrever este livro?
Honestamente, o facto de não saber o que oferecer ao meu filho, no seu primeiro aniversário. Aproveitei, então, um hábito que criei devido à distância que me separa da família e amigos. Semanalmente, durante o primeiro ano do João, ia enviando aos nossos amigos, emails com as aventuras e desventuras da vida, em Luanda. Achei que, como presente de aniversário, o João ia gostar de ter uma noção do que foi o seu primeiro ano e compilei esses emails. Acrescentei mais algumas histórias que queria que ele recordasse e… nasceu o Diário.
Porquê um relato feito em nome do bebé?
Pessoalmente, acho que a maternidade já tem uma carga emotiva muito forte. No meu caso, não quis que o meu filho, mais tarde, lesse um livro que falasse de como me apaixonei completamente por ele, de como sofria quando ele ficava doente, de como chorava quando me sentia mais sozinha, longe da família… não! Quis criar um livro que o fizesse reviver o primeiro ano de vida com ligeireza, com humor, com vontade de recordar.
O livro também pode ser visto como um guia para pais de primeira viagem?
Não, de todo. Se tenho aprendido alguma coisa nesta jornada da maternidade, é que cada bebé é único e que a adaptação do casal ao bebé também não tem uma matriz de sucesso. Agora, com certeza as pessoas acabarão por identificar-se com mais de 80% das situações relatadas no livro.
Quando o João for mais crescido, vai achar piada a esta memória que os pais prepararam para ele?
Esse sempre foi o objetivo principal do livro. E tenho a certeza que, enquanto adulto, o João não irá encarar o “Diário” apenas como um gracejo, mas ver o cuidado e a vontade que tivemos de perpetuar todos os bocadinhos que vivemos com ele.
Pensa escrever mais livros sobre o João?
Honestamente, essa é uma pergunta para a qual não tenho resposta. Continuo a aumentar os textos do diário para o meu filho, e penso fazê-lo até achar que deixou de fazer sentido. Daí, até uma nova publicação, tudo depende da aceitação deste livro.
Qual foi a fase do bebé que considerou mais complicada enquanto mãe pela primeira vez? E a que a surpreendeu mais pela positiva?
Não posso dizer que o primeiro contacto com a maternidade tenha sido uma fase fácil. A combinação “Hormonas + ser indefeso que precisa de nós para sobreviver” é, no mínimo, dura. Mas, depois, com o decorrer do tempo, esquecemos o choro, as noites mal dormidas (exceto se estivermos a falar do repolho), o cabelo desalinhado, o peso a mais e fica só a parte boa, que foi a que me surpreendeu mais: a capacidade que temos de amar alguém tão profundamente. Básica e surpreendentemente, tornei-me numa mamã cliché.
O livro será lançado em Portugal a 16 de abril de 2016, pela Editora Chiado.
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