É um fenómeno novo que começa a preocupar os educadores. Há cada vez mais crianças de quatro anos que chegam ao ensino pré-escolar sem conseguirem ir à casa de banho sozinhas. O alerta foi dado pela inspetora geral da educação britânica, Amanda Spielman, que citou um estudo recente para revelar que 70% dos infantários admite estar a receber miúdos incapazes de suprir as suas necessidades básicas de higiene.
Esta tendência, sublinhou, afeta prejudicialmente o trabalho dos professores e compromete o desempenho escolar das crianças.
Em declarações ao jornal The Independent, Spielman referiu que estes miúdos têm um vocabulário mais pobre do que o normal e revelam grandes dificuldades em vestir-se ou calçar-se sem ajuda. “Com quatro anos, possuem menos de um terço do vocabulário dos colegas; chegam à escola sem dominar várias palavras determinantes para uma comunicação eficaz com professores e parceiros. Será que os pais não percebem que estão a contribuir para que os filhos comecem a vida em desvantagem?”, interroga-se a especialista em educação.
Amanda Spielman diz que os infantários não podem ser pais de substituição e defende-se de quem a acusa de excesso de exigência: “Não, eu não acho que as crianças devam chegar à escola e comportar-se como mini-adultos que vão sempre sozinhos à casa de banho sem fazer asneiras”. Mas também não considera normal que esse trabalho esteja a ser completamente descurado pela família: “A educação é um trabalho conjunto entre a escola e os pais, e cabe, antes de mais, aos pais estabelecerem rotinas simples como as do sono e as da higiene”.
Spielman diz que todas crianças devem chegar ao ensino infantil capazes de realizar tarefas tão simples como “usar um lápis, dar um pontapé numa bola, calçar os sapatos e tirar o casaco”. Pretende ainda que compreendam as palavras “não” e “chega” e que consigam acompanhar uma história infantil sem fazer birras.
Outro problema detetado pelas escolas tem a ver com a aparente estranheza com que os miúdos encaram o velho hábito de ouvir uma história; a maioria não aguenta esta atividade durante muito tempo.
Entretanto, tome nota destes conselhos bastante úteis.
Ensine o seu filho a ir à casa-de-banho em 7 passos
A revista Healthy Today fornece algumas regras para ajudar o seu filho a criar hábitos de higiene a partir dos três anos.
- Promova as idas ao WC
As crianças querem sentir-se crescidas e adoram imitar os adultos. Apoie os seus gestos de autonomia, dizendo-lhe que agora que já é crescido, pode usar a casa-de-banho como a mãe e o pai ou os irmãos. No infantário, peça para o deixarem ir ao WC sozinho. - Compre a roupa interior de que ele gosta
Leve-o a comprar cuecas dos seus super-heróis e associe esse tipo de comportamento ao uso da casa-de-banho. Explique que os meninos crescidos usam roupa interior especial, ao contrário dos bebés que têm de andar de fralda. - Crie alguns incentivos
Valorize os esforços da criança. Arranje pequenos truques para que ambos vão monitorizando o seu desempenho: desenhem um calendário e coloque um ‘smile’ nos dias em que ele usa a casa-de-banho ou ofereça-lhe uma história extra antes de dormir quando chegar da escola seco. - Não force a qualquer custo
Se a criança recusa ir à casa de banho com a mesma obstinação com que faz birra para tomar banho ou ir para a cama, então é porque está a testar os seus limites. Fuja dessa luta pelo poder – “ele vai ganhar, é o corpo dele”. - Passe a responsabilidade para ele
Em vez de passar o tempo a perguntar se ele quer ir à casa-de-banho, explique-lhe que já tem idade suficiente para avisar quando quer fazer xixi. Evite ir com ele para o WC e ficar à espera. Isso só aumenta a pressão. - Mantenha a calma
Os acidentes acontecem. Tente não reagir exageradamente, pois isso aumentará a ansiedade da criança com as idas à casa de banho. - Poupe-se sff
Enquanto ele vai aprendendo a ser autónomo, torne a casa-de-banho um local neutro – retire aquele tapete que adora e ponha toalhas velhas junto da retrete.
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