Segundo a OCDE, um em cada sete estudantes de um conjunto de treze países da Europa é incapaz de tomar decisões simples sobre as suas despesas diárias. A conclusão é de um novo estudo daquele organismo e revela a falta de conhecimento financeiro entre os mais jovens. Nada que não se possa corrigir.

Daryl Bernstein, um jovem empreendedor norte-americano oriundo de Santa Bárbara, Califórnia, explicou à BBC Capital que a infância é o momento certo para desenvolver a habilidade para o negócio. E ele sabe do que fala.

Aos 15 anos, Bernstein escreveu o livro “Better Than a Lemonade Stand” (Melhor do que uma Banca de Limonada) e hoje, com 38, acaba de vender uma start-up por milhões. “Muita gente despertou para o mundo dos negócios e fez bom dinheiro quando tinha entre 20 e 25 anos”, salienta o empreendedor, dando o exemplo inescapável de Mark Zuckerberg.

Bernstein defende que há dois princípios básicos para aprender a gerir as finanças. A saber:

1. Aprender que trabalho significa dinheiro (e que dinheiro envolve trabalho)

É importante que as crianças percebam que a recompensa financeira exige um investimento. Não se coíba de pôr os seus filhos a fazer pequenas tarefas e fomente o trabalho juvenil durante as férias.

2. Perceber a importância de poupar

Os miúdos podem organizar o dinheiro de forma semelhante à dos adultos. Por exemplo, pondo algumas notas de lado para comprar um jogo, guardando moedas para gastos quotidianos – um gelado, uma bijuteria - e até fazendo um mealheiro para concretizarem sonhos mais “caros”:  aquela viagem à Eurodisney, por exemplo.

“Tudo começa na tomada de decisão. Se ensinarmos as crianças desde cedo a tomarem boas decisões, elas seguirão esses ensinamentos pela vida fora”, defende J. Rosser, consultor do Centro de Desenvolvimento de Pequenas Empresas da Universidade do Texas.

A autora Barbara Kettl-Romer, por seu lado, garante que as crianças aprendem a definir prioridades a partir da gestão da sua semanada. E lembra que o exemplo dos pais é fundamental: “Os miúdos tendem a imitar os pais ou então a fazer o oposto. Se os pais gastarem muito dinheiro em futilidades, podem ser levados a fazer o mesmo. Ou então desenvolvem uma sovinice crónica”.

Falar de dinheiro ainda é delicado em algumas sociedades e culturas. Até as mais insuspeitas. O livro de Kettl-Romer, “How to Teach Your Kids About Money” (Como Ensinar os Seus Filhos a Lidar com o Dinheiro), foi dos poucos sobre paternidade e finanças a serem publicados na Alemanha, um dos lugares do mundo onde abordar este tema não é muito natural. “Naquele país, falar sobre dinheiro é um tabu. Talvez tenha a ver com a herança luterana protestante ou o medo de que ostentar alguma riqueza atraia a inveja”, disse a autora.