Acontece a toda a gente. Sabe quando chama um dos seus três filhos e só acerta à terceira, porque nas outras duas disse os nomes dos irmãos? Pois. Até pode ser que, em vez do nome do irmão mais velho, lhe tenha saído o do cão da família. Mas afinal, de onde vêm estas confusões?

Segundo um artigo do jornal El Periódico, a resposta a essa pergunta está na forma como nosso cérebro organiza a informação. Embora possa parecer um fenómeno aleatório, a verdade é que as informações são agrupadas por conjuntos semânticos, ou seja, por parcelas de conhecimento que mantêm uma relação entre si. No caso das relações sociais, o fenómeno traduz-se nas categorias em que agrupamos o nome de pessoas pertencentes à mesma célula, digamos assim - família, amigos, colegas de trabalho, etc.

O que provoca essa troca de nomes quando evocamos alguém? Dizem os especialistas que o cérebro, quando tenta tirar do ‘pacote’ o nome pretendido, fica enredado num cruzamento dos fios e perde-se na escolha. Por isso é tão comum cometer esses erros entre pessoas do mesmo círculo. Estão no mesmo ‘pacote’ de dados’.

Um estudo de 2016, publicado na revista Memory and Cognition, investigou a razão porque cometemos esses erros e explicou porque não devemos ficar preocupados – ou frustrados – quando o fazemos.

Através da análise de mais de 1.700 inquéritos, estudou-se o tipo de nomes que confundimos, a frequência com que isso ocorre e qual a relação entre essas pessoas.

Os resultados mostraram que não há um padrão aleatório nesses erros. Se cometermos um erro com o nome de duas pessoas é porque mantemos o mesmo link para ambas. Por isso, o fenómeno é tão comum em ambiente familiar.

“Trata-se de um erro cognitivo que revela algo sobre quem acreditamos pertencer ao nosso grupo”, explicaram os professores de psicologia e neurociência na Universidade de Duke, David Rubin e Samantha Deffler, principais responsáveis pelo estudo.

De acordo com a mesma pesquisa, as semelhanças físicas não têm qualquer importância na troca de nomes. Percebeu-se que os pais tendiam a confundir o nome de seus filhos sendo estes parecidos ou não, e até pertencendo a sexos diferentes. O mesmo sucedeu no caso das idades.

Decisiva é, sim, a semelhança fonética dos nomes. De acordo com o estudo já citado, é mais provável que confundamos nomes que partilham uma semelhança na pronúncia ou na cadência.

No caso dos animais de estimação da família, a conversa é outra, ou talvez não. Tudo passa pelo facto de se arrumarem pessoas e animais queridos na mesma caixa. “Quem comete esta confusão são aqueles indivíduos que consideram o seu animal de estimação como um membro da família”, reforçam os especialistas.

Curioso é que o fenómeno seja mais frequente no caso de cães do que, por exemplo, em gatos. A explicação pode estar no facto de os cães responderem pelo nome muito mais do que os gatos, criando nos donos o hábito de os chamar.

Para saber mais

https://today.duke.edu/2016/04/misnaming-study