A PHDA é um perturbação de carácter neurobiológico. Não é uma chamada de atenção, não resulta de “maus pais” ou “maus professores”, não “passa com o tempo” e não há “clique” que, num passe de mágica, a faça desaparecer. No PIN acreditamos que o sucesso escolar só pode ser entendido e trabalhado sabendo que criança/adolescente, família e professores/escola formam um ecossistema em permanente ligação.
Os desafios que a PHDA impõe começam na pré-escolar. A irrequietude motora em excesso, e/ou a incapacidade de ouvir a história da educadora enquanto o olhar vagueia pela sala e o que se passa para lá da janela, são motivos de preocupação. Não deve ser feito nenhum diagnóstico nestas idades, optando pela vigilância atenta de sinais de alarme identificados. Ainda assim, a utilização de estratégias para regulação do comportamento na escola e em casa, bem como a adaptação da sala de aula ao perfil comportamental da criança, são medidas que devem ser ponderadas nestas idades.
No 1º ciclo, quando existe a confirmação de um diagnóstico clínico de PHDA, as modificações contextuais na sala de aula, organizando o grupo e as situações de aprendizagem com recurso a materiais organizadores (como horários e calendários específicos) devem ser ponderadas. A utilização de listas de tarefas e organização das rotinas na escola também deve ser feita permitindo a monitorização de comportamentos concretos que pretendemos alterar tendo em vista a adequação de comportamento e melhor desempenho da criança.
A passagem da monodocência para a pluridocência é um desafio para todos os alunos. Para os que têm PHDA, cumprir pedidos ditos de várias formas por pessoas diferentes, responder a múltiplas tarefas a realizar em casa e escola com tempos de entrega e critérios de avaliação distintos, são aspectos que se podem tornar caóticos. O 3º ciclo adivinha-se recheado de conteúdos em que a capacidade de abstracção é necessária. Aprendendo melhor estes adolescentes de forma concreta, torna-se difícil fazê-lo quando as ciências se começam a ocupar do infinitamente pequeno, mas não é impossível. Devem ser alvo de particular atenção os comportamentos de risco da adolescência que nestes jovens, mais impulsivos e propensos a tomar decisões pobres e não antecipar consequências, os colocam numa situação de risco acentuado. A baixa auto-estima, fruto de um percurso escolar feito de “fazes sempre o mesmo erro” ou “parece que não aprendes!”, bem como a eventual existência de ansiedade e depressão, tornam estes aspectos nada acessórios e, frequentemente, a carecer de uma resposta tão premente quanto a que a sintomatologia típica da PHDA exige.
A PHDA não traça impossibilidades no percurso escolar de um aluno, aponta necessidades específicas que podem e devem ser trabalhadas de formas distintas ao longo dos ciclos de ensino, porque elas próprias se vão alterando, construindo caminhos em que o sucesso escolar é possível e fruto do trabalho conjunto de criança/adolescente, família e escola.
Teresa Pereira
Técnica de Educação Especial e Reabilitação
teresa.pereira@pin.com.pt
PIN - Progresso Infantil
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