Uma das perguntas mais comuns dos pais é "O que devem os meus filhos saber acerca da sexualidade e em que idade o devem saber?"
Os pais sentem algumas vezes receio de dizer coisas demais e demasiado cedo ao seus filhos, porque pensam que os irão ferir de alguma maneira ou encorajá-los a tornarem-se sexualmente activos.

A informação e a educação não encorajam os jovens a ser sexualmente activos. De facto, as crianças tomam melhores decisões sobre o sexo quando têm toda a informação que necessitam e quando não existem assuntos tabu sobre os quais não se pode conversar em casa. Estão melhor protegidos contra a gravidez e as doenças quando decidem ter sexo.

Existe, no entanto, informação adaptada às diferentes idades das crianças. Por exemplo, uma criança de cinco anos deve saber correctamente os nomes das partes do seu corpo, incluindo os seus órgãos genitais. Não precisam de saber pormenorizadamente como o homem e a mulher crescem e se distinguem. Mas fará algum mal aos seus filhos se lhes der alguma informação sobre as diferenças entre o corpo dos homens e das mulheres? De modo nenhum.

Tenha consciência que não é necessário ter sempre uma grande conversa com os seus filhos, de cada vez que lhe façam uma pergunta sobre sexo. Ouça-os com cuidado. Eles podem apenas querer a resposta para aquela pergunta e pronto. Assegure-se de que está a responder à pergunta, em vez de falar em termos gerais. Pode sempre pedir um esclarecimento, se não tem a certeza do que lhe estão a perguntar. Certifique-se que eles sabem que podem sempre fazer mais perguntas.

As crianças aprendem imenso sobre relações, corpo, afecto e comunicação desde o primeiro ano de vida. É importante ajudá-los a sentirem-se bem com a sua sexualidade desde o princípio. Será mais fácil para eles fazer-lhe perguntas sobre o sexo ao longo da vida. À medida que crescem, pode dar-lhes informações que os ajudem a tomar decisões saudáveis e responsáveis sobre a sua sexualidade.

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Sugestões úteis para os pais

Seja um bom modelo. As crianças aprendem, na maior parte da vezes, através do exemplo. Dizer às crianças "Faz como te digo, não como eu faço" não é um bom método de educação. Ensine os seus filhos através do seu próprio comportamento, expectativas e mensagens.

Encoraje a auto-confiança. A auto-confiança ajuda as crianças a ultrapassar a pressão dos seus iguais e o elogio é a melhor maneira de ensinar a auto-confiança. Os adultos devem elogiar a honestidade, o esforço, a bondade, etc.. Os mais novos precisam de saber que são capazes.

Recorde aos seus filhos que são amados. Encontre as oportunidades de "apanhar" os seus filhos a fazer coisas boas. Deixar-lhes saber que se orgulha deles pode ajudar a construir a auto-estima. Os mais novos precisam de saber que são objecto de amor.

Escute. Antes de responder a uma pergunta, ouça o que está a ser perguntado. Uma pergunta sobre sexo não significa necessariamente que o seu filho ou filha estão a ter actividade sexual. Não tire conclusões precipitadas.

Seja paciente. Algumas crianças dirão ou pensarão que o aborrecem ou embaraçam. Em vez de os criticar, use estas situações como oportunidades de aprendizagem. Seja gentil - não ajuda a aprendizagem se se importunar, repreender ou gritar.

Promova sentimentos positivos acerca da sexualidade. Os jovens que têm sentimentos positivos acerca da sexualidade e dos seus corpos são mais propensos e capazes de se protegerem das DST, gravidez indesejada e abuso sexual - e de discutir estes assuntos com os seus pais ou com adultos em quem confiem.

Ajude-os a conquistar a capacidade de tomar decisões. Encoraje os seus filhos a fazer escolhas e a tomar decisões desde a mais tenra idade. Praticar com pequenas decisões como o que comer ou o que vestir prepara-os para as maiores decisões.

Esteja sempre do lado deles. Os adulto devem estar sempre do lado dos seus filhos. As crianças têm de ser capazes de confiar que os seus pais sejam razoáveis, independentemente do tipo de problemas ou preocupações que eles lhes tragam.

Assegure-lhes que são "normais". O que as crianças mais desejam é saber que são "normais". Pode ajudá-los a compreender que é normal ser diferente.

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Os nossos próprios valores

Os valores afectam o nosso comportamento e as escolhas que fazemos na vida. Enquanto os seus filhos desenvolvem capacidades de tomar decisões e definem os seus valores, é importante que seja claro acerca dos seus. Como pode partilhar os seus valores com o seus filhos sem ditar sobre o modo como vivem as suas vidas?

Explique a diferença entre factos e crenças pessoais. Pode acreditar que a pessoas não devem ter relações sexuais até estarem casadas. É uma coisa que, apesar disso, muitas pessoas fazem. Afirmações como "Eu acredito" ou "Eu sinto" podem ajudar as crianças a compreender a diferença entre os seus valores e a informação factual, muitas vezes conflituosa que existe por aí.

Use palavras e conceitos-chave, como por exemplo:
Respeito - Toda a gente, incluindo tu próprio, deve ser tratado com dignidade
Consequências - Todas as acções, decisões e escolhas têm resultados positivos e negativos.
Responsabilidade - Se tens uma obrigação, tens de a ter em linha de conta e responder pelas tuas acções - boas ou más
Honestidade - É importante dizer a verdade e ter a certeza de que se é coerente com o que se diz.
Auto-estima - sentirmo-nos bem connosco e com o nosso mundo é importante e é a base do auto-respeito.

Se a religião tem um papel importante na sua vida, pode ter um papel na discussão dos seus valores. Mais uma vez lembre-se de distinguir os factos das opiniões. Deixe os seus filhos saber que é correcto discordar de alguém que tem um passado religioso diferente, mas que essa pessoa tem o direito de ter as suas próprias crenças.
Não tem que fazer tudo sozinho. Por vezes os pais acham que é complicado introduzir o assunto dos valores em conversas sobre sexualidade. Pode ajudar falar dos seus valores com o seu companheiro ou cônjuge, conselheiro religioso ou amigo antes de falar com os seus filhos.

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A abstinência

Abster-se de ter relações sexuais é a única forma 100% garantida de evitar a gravidez e o contágio de IST como o VIH/SIDA. Que tipo de mensagens pode você dar aos seus filhos acerca do adiar as relações sexuais, sem que seja maçador ou como se vivêssemos na idade das trevas? Aqui vão algumas sugestões:

Algumas definições de termos

- Qualquer pessoa pode escolher abster-se de ter relações sexuais.
E só porque alguém já teve relações sexuais, não quer dizer que não possa escolher adiar ter de novo relações. Quando se escolhe a abstinência das relações sexuais durante alguns períodos da vida, isso designa-se por abstinência periódica. Quando se escolhe a abstinência das relações sexuais por toda a vida, tal designa-se por abstinência contínua. Embora a média de idade da primeira relação sexual seja os 17 anos, muitas pessoas esperam ultrapassar a adolescência para terem a sua primeira relação sexual. Alguns esperam até estarem casados, outros não.

- Nem toda a gente o faz
"Toda a gente o faz" é uma velha táctica de pressionar que se aplica tanto a experimentar drogas e álcool, como a experimentar o sexo. Encoraje os seus filhos a não se deixarem levar. Os adolescentes dizem ter relações pela primeira vez por curiosidade. A comunicação aberta sobre sexualidade nas famílias pode tornar o comportamento sexual menos misterioso.

- Dizer "Não" pode não ser fácil
Mas é possível! A maioria dos pais espera que os seus adolescentes aguardem até ter actividade sexual. É importante que os pais sejam capazes de construir esta esperança com um bom balanço de regras de saúde, valores e aturada informação sobre a saúde sexual e as suas consequências. Embora possamos encorajar os adolescentes a adiar as relações sexuais, o facto é que, a maioria dos jovens torna-se sexualmente activa quando se sente preparada. Por isto devem estar preparados para se protegerem quando decidirem parar a abstinência. A informação sobre a prevenção da gravidez e das DSTs é vital para ajudar os jovens a tomar decisões informadas.

Doenças Sexualmente Transmissíveis

Normalmente, quando os miúdos ouvem falar acerca de doenças sexualmente transmissíveis (DST) pensam em VIH/SIDA exclusivamente. Existem actualmente mais de 30 DSTs. O que é que o seu filho precisa de saber acerca delas?

- As DSTs são transmissíveis através das relações vaginais, orais e anais, ou de outros contactos íntimos.
- As DSTs podem provocar danos permanentes na saúde dos indivíduos sem mostrarem qualquer sintoma. Ninguém está imune.
- As DSTs podem ter consequências perigosas e exigir cuidados médicos. A maioria, no entanto, pode ser tratada e curada com medicação.
- Certas DSTs podem ser passadas da mulher para o seu feto durante a gravidez e o nascimento.

O VIH/SIDA pode ser um assunto particularmente sensível para os jovens. Eles ouvem muita informação e muita dela é assustadora e ameaçadora. Os jovens precisam de saber o que é a SIDA e como a evitar. Aqui seguem alguns factos básicos que pode partilhar com os seus filhos:
- A SIDA, o Síndroma da Imunodeficiência Adquirida é o ultimo estádio da doença provocada pelo VIH.
- A SIDA é fatal. Não existe cura.
- O VIH é difícil de apanhar. É transmitido nas seguintes situações:
· relações sexuais sem protecção
· troca de agulhas ou outros materiais para a introdução de drogas
· exposição a sangue de um portador
· ter nascido com ele ou ter sido transmitido a uma criança através da amamentação
· apanhar VIH de uma transfusão ou através de alguns procedimentos médicos é muito improvável e a hipótese de apanhar VIH de outros quaisquer procedimentos é menor do que um para 10 milhões.
· não pode apanhar VIH através de abraços, beijos, toques, tampos de sanita ou água da piscina.
· a forma mais segura de evitar o VIH é não ter sexo anal, vaginal ou oral e não usar drogas intravenosas. Se for sexualmente activo, praticar "sexo seguro" reduz o seu risco de infecção de VIH.
· a maioria das pessoas com VIH não sabe que o tem. Pode demorar 10 anos antes que os sintomas se manifestem.

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Abuso Sexual

O abuso sexual é um dos assuntos mais sensíveis que os pais precisam de discutir com os seus filhos. Alguns pais retiram este assunto das conversas, com medo de assustar os filhos. Outros nem querem pensar que isso se possa passar nas suas famílias.

No entanto, pensa-se que aproximadamente uma em cada seis mulheres e um em cada dez homens, quando crianças, sofreram alguma espécie de abuso sexual. Portanto, o seu filho precisa de saber que existem pessoas neste mundo que forçam os outros a ter relações ou outros actos sexuais. Isso chama-se abuso sexual.

O que é o abuso sexual?

O abuso sexual acontece sempre que a privacidade sexual de alguém é desrespeitada. Forçar alguém a ter relações sexuais chama-se violação - e a violação é particularmente comum em adolescentes. Mas a violação é só um dos tipos de abuso sexual. O toque não desejado, as carícias, a observação, a conversação ou ser forçado a olhar para os órgãos sexuais de outra pessoa, são outras formas de abuso sexual.
Embora a maioria das pessoas que praticam o abuso sexual sejam homens, os perpetradores podem ser homens ou mulheres, mesmo os nossos amigos ou até membros da nossa família. De facto, 80% dos casos de abuso sexual são cometidos por amigos, conhecidos ou familiares. A actividade sexual entre pessoas com ligações de sangue designa-se por incesto.

O abuso sexual, a violação e o incesto são crimes graves que são punidos pela lei. No entanto, são ainda seriamente omitidos. Muitas vezes, as vítimas sentem-se demasiado embaraçadas e envergonhadas para contar o que lhes aconteceu. Sentem-se muitas vezes, ou fazem-nas sentir, que o abuso ou a violação foi culpa sua. Assegure-se que os seus filhos sabem que:
- Ninguém tem, nunca, o direito de lhes tocar ou de os obrigar a fazer algo de sexual sem a sua autorização.
- As vítimas de abuso sexual não são responsáveis pelo que lhes aconteceu. A ideia de abuso sexual pode confundir muito as crianças. Ensinaram-lhes a respeitar os adultos e a fazer o que os pais e outros familiares lhes dizem para fazer. Muitas crianças são obrigadas a prometer segredo do abuso sexual.
Pode ajudar o seu filho falando abertamente sobre o que é o abuso sexual, que tem o direito de se proteger e insistindo que toda a pessoa que seja vítima de abuso sexual deve falar com um familiar em quem confie, um amigo, um professor, o padre, alguém que seja capaz de ajudar a acabar com o abuso sexual.

Fonte:
Associação para o Planeamento da Família