Quais são os melhores pais que conhece? Aqueles que parecem ter uma capacidade instintiva para dizer e fazer as coisas que irão tornar os seus filhos pessoas felizes, confiantes, equilibradas. Já alguma vez pensou no motivo pelo qual eles são tão bons? Agora pense naqueles que você não considera competentes. Por que razão?

 

Todos os melhores pais que conhecemos têm uma coisa em comum. São pais descontraídos. E todos os piores pais estão presos a alguma coisa. Talvez não estejam estressados porque receiam não ser bons pais (e se calhar deveriam estar), mas porque estão presos a qualquer coisa que afeta a sua capacidade de o serem efetivamente.

 

Todos conhecemos alguns casais que têm uma preocupação neurótica com a limpeza e a arrumação. Se os filhos não deixam os sapatos à porta, parece que o mundo vai desabar. Mesmo que os sapatos estejam limpos. Ficam exasperados se eles deixam qualquer coisa fora do lugar ou sujam alguma coisa (mesmo que depois vão limpar). As crianças não conseguem descontrair-se nem divertir-se se por acaso tiverem posto nódoas nas calças ou entornado o frasco do ketchup.

 

Há outros amigos que são tão obsessivamente competitivos que os filhos ficam numa tensão tremenda sempre que entram em qualquer jogo, mesmo amigável. E outros que ficam preocupadíssimos de cada vez que os filhos esfolas os joelhos.

 

Por outro lado, os bons pais sabem à partida que os filhos fazem barulho, desarrumam, causam agitação, brigam, fazem queixas e se sujam. Encaram tudo isso com naturalidade. Sabem que dispõem de alguns anos para transformar essas criaturas em adultos respeitáveis e dão tempo ao tempo. Não têm pressa de os ver agir como se fossem adultos – lá chegarão um dia.

 

Esta regra torna-se mais fácil com o tempo, embora algumas pessoas nunca consigam pô-la completamente em prática. É muito mais difícil descontrairmo-nos com o primeiro bebé do que com o último adolescente a sair de casa. Quando se trata de bebés, temos de nos focar naquilo que é essencial – desde que seja saudável e não esteja sempre com fome ou rabugento – e não nos preocuparmos muito com o resto. Não importa se as molas do babygrow ficaram mal apertadas ou se hoje não tivemos tempo de lhe dar banho, ou se fomos passar o fim de semana fora e nos esquecemos de levar uma cama desmontável.

 

É bem preferível, quando chegamos ao final do dia, sentarmo-nos com os pés elevados, petiscarmos alguma coisa e comentarmos um para o outro: «Ao fim e ao cabo… os miúdos ainda estão todos vivos, portanto devemos estar a fazer o que é certo.»

 

Ideia-chave:

Os bons pais sabem à partida que os filhos fazem barulho, desarrumam, causam agitação, brigas, fazem queixas e se sujam.



Texto adaptado por Maria João Pratt

Fonte: 100 regras para educar o seu filho (2009), de Richard Templar - Editorial Presença


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