O uso de Ritalina e medicamentos similares mais do que duplicou na última década no Reino Unido. Em 2017, foram prescritas 1,5 milhões de receitas do fármaco pelo Serviço Nacional de Saúde britânico.
Amanda Spielman, inspetora-chefe para a Educação, manifestou a sua inquietação ao The Times: “Parece que se tornou um hábito utilizar este tipo de medicamento como resposta a uma série de problemas de comportamento”. A responsável traduz a preocupação de uma parcela de investigadores que suspeitam que o uso da Ritalina é abusivo e está a ser adotado por pais que simplesmente não conseguem manter os filhos disciplinados.
“Arranjar um diagnóstico pode ser uma muleta para poupar a muitos pais da classe média a vergonha pelo comportamento insubordinado dos seus filhos”, admitiu Spielman ao The Guardian. Outras teorias defendem que esta droga está a ser consumida por jovens estudantes para se concentrarem nos exames.
No artigo do The Guardian, o jornalista Daniel Lavelle, a quem foi muito diagnosticado Transtorno de Défice de Atenção por Hiperatividade (TDAH) quando tinha seis anos, afirma que tais receios são exagerados. O britânico diz que o mesmo aconteceu quando se começou a prescrever a Ritalina. “Fui expulso da escola primária no início dos anos 90. Na sequência disso, recebi um diagnóstico de TDAH quando tinha seis anos e comecei a tomar Ritalina. A minha desatenção e hiperatividade melhoraram substancialmente durante as semanas em que estive medicado. Entretanto, fui para uma escola especial, destinada a crianças com dificuldades emocionais e de comportamento, e os responsáveis desaconselharam o seu uso, dizendo aos meus pais que aquilo que eu precisava era de mais disciplina. Parei de tomar Ritalina e logo a seguir fui expulso”.
Lavelle defende que drogas como a Ritalina não são curas milagrosas para o mau comportamento, mas ajudam as pessoas que sofrem com o TDAH. “Longe de ser perigosamente comum, descobriu-se que o TDAH é terrivelmente subdiagnosticado e que a doença está a gastar bilhões de libras do contribuinte britânico todos os anos. Está provado que a doença leva ao desemprego de longa duração, dificuldades de relacionamento e outros problemas de saúde mental, como a ansiedade e a depressão”, reclama. “A TDAH não é uma condição imaginária inventada por uma cabala de pais de classe média envergonhados. Existem testes objetivos para a diagnosticar. E a Ritalina pode ser um medicamento eficaz quando prescrito corretamente na dosagem correta”. Mais: “Se isso tivesse sido compreendido há 20 anos, crianças como eu não teriam sido rejeitadas pelo sistema de educação e seriam hoje membros plenos da sociedade. Se continuarmos a não levar esta doença a sério, corremos o risco de falhar com outra geração. Isso não pode acontecer”.
Efeitos negativos do tratamento com Ritalina
Apesar das críticas pelo aumento excessivo do seu uso, nos casos de TDAH, os especialistas continuam a considerar este medicamento como o mais indicado para o tratamento da doença. A Ritalina pode, todavia, ter efeitos colaterais até mesmo para crianças com TDAH. Os efeitos negativos mais comuns são:
- Insónias
- Perda de apetite
- Boca seca
- Tremores
- Taquicardia
- Aumento da ansiedade.
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