O livro “Viver a prematuridade”, da autoria da jornalista Cláudia Pinto e que é lançado no sábado no Porto, mostra que as taxas de nascimentos prematuros são muito elevadas e sem tendência para descer, com níveis “muito altos” comparativamente aos registados na Europa.

Em 2014, nasceram 6.393 bebés pré-termo (antes das 37 semanas de gestação) e destes, 816 (cerca de 1%) eram muito prematuros, com menos de 32 semanas). É precisamente nestes bebés muito pré-termo que se verifica o maior risco de mortalidade neonatal.

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Como explica o livro, as causas da prematuridade são compostas por muitos fatores, como a idade materna avançada, o baixo nível socioeconómico, o consumo de álcool e tabaco em excesso, história anterior de parto pré-termo, gravidez múltipla, alterações da quantidade de líquido amniótico, infeções, hemorragias e malformações uterinas, restrição do crescimento fetal e ainda diversos problemas de saúde materna, como a obesidade.

A pediatra e antiga ministra da Saúde Ana Jorge, que é uma das especialistas a prestar declarações para o livro, elogia o acompanhamento neonatal feito em Portugal quer aos bebés quer às famílias. Contudo, considera falta organizar melhor o acompanhamento posterior a estas famílias.

“Nem em todos os locais existem centros de desenvolvimento com equipas multidisciplinares dedicadas que façam acompanhamento posterior aos bebés prematuros, com enfoque nas necessidades das famílias”, referiu a pediatra.

As unidades de seguimento dos prematuros após a alta não estão organizadas da mesma forma em todo o país. Há hospitais, como o caso do Garcia de Orta, em que uma equipa multidisciplinar faz a vigilância periódica das crianças prematuras, geralmente até aos oito anos.

Apesar de o grupo de maior risco de desenvolvimento de complicações ser o dos prematuros antes das 32 semanas, os bebés entre as 34 e as 36 semanas preocupam especialmente Ana Jorge.

“Os partos destes bebés são muitas vezes provocados, o que não é aconselhável. Os bebés não estão ainda completamente desenvolvidos e o desencadeamento de um parto não é um processo natural, a evitar antes das 40/41 semanas. Deve ser o bebé a ditar o momento em que deve nascer. Muitas vezes, os partos previstos ou marcados antes de haver sinais de que chegou o final da gravidez levam a um nascimento antecipado, com um aumento de problemas no período neonatal precoce, quando comparados com os de termo”, lê-se no livro “Viver a prematuridade”, obra que será lançada no sábado pelo Instituto de Saúde Pública da Universidade do Porto.