Cerca de 10 por cento das crianças têm dificuldade em aprender a ler, devido à dislexia, Um estudo divulgado no início do ano sugeria que as crianças que jogavam pelo menos um videojogo tornavam-se melhores leitoras. Isto foi particularmente impressionante, uma vez que o jogo envolvia apanhar coelhos com um desentupidor de canos como arma e não havia qualquer aspeto linguístico no jogo todo. Uma vez que a dislexia não está relacionada com o quociente de inteligência (QI) nem com o processo de ensino-aprendizagem, os investigadores acreditam que jogar este jogo treina o cérebro da criança a concentra-se, que é uma valiosa aptidão para a leitura.

 

Jogos com ritmo de ação mais acelerado também parecem treinar o cérebro para a recolha de informações e para reagir muito mais rapidamente. Não só os jogadores têm tempos de resposta mais rápidos com menos quantidade de informação, como também tomam melhores decisões do que os não jogadores. A continuação da investigação irá envolver o uso de imagens de ressonância magnética para descobrir se existe uma diferença física no cérebro de pessoas que jogam jogos de vídeo e daqueles que não o fazem.

 

Além do aumento da capacidade de executar tarefas múltiplas e dos reflexos, uma nova investigação mostra que jogar videojogos pode beneficiar o humor e estimular o relaxamento através da socialização, quando jogados em quantidade moderada. Os efeitos positivos são totalmente revertidos se se jogar por longos períodos de tempo.

 

Os cientistas envolvidos no estudo sugerem que os videojogos deverão ter um sistema de classificação secundário, já que as classificações tradicionais destacam apenas os aspetos negativos, como a linguagem ou a violência. Um sistema secundário de classificação poderá apresentar os atributos positivos de um jogo, sendo até que os investigadores consideram que o famoso jogo Call of Duty pode trazer benefícios para os problemas de concentração de pré-adolescentes, por exemplo.

 

Normalmente associam-se os videojogos a crianças e a adolescentes, mas depois de jogarem um jogo de corridas de automóveis durante 12 horas ao longo de um mês, indivíduos idosos viram aumentada a sua capacidade de execução de várias tarefas simultâneas durante os seis meses seguintes. A investigação tem mostrado que manter uma mente apurada pode ajudar a evitar doenças neurodegenerativas como a de Alzheimer.

 

Apesar de haver vantagens consideráveis nos videojogos, as coisas não são sempre ou pretas ou brancas. A mera presença da tecnologia não é suficiente para garantir melhoria cognitiva, dependendo muito da forma como essa tecnologia é utilizada, já que o uso excessivo pode anular todos os atributos positivos.

 

Os videojogos podem não ser a chave para resolver todos os problemas neurológicos, mas é claro para os especialistas que a participação em jogos desta natureza melhoram a capacidade de executar várias tarefas simultaneamente e a aptidão para resolver problemas que têm sido mostradas como coadjuvantes para evitar determinadas doenças neurodegenerativas.

 

 

Maria João Pratt

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