Rita Veloso e Rita Azevedo não se conheciam mas o destino juntou-as e o trabalho de pós-graduação de gestão do desporto da Universidade Católica do Porto acabou a aproveitar uma fração de uma antiga fábrica de calçado daquela cidade para nela fazer nascer o "Armazém 4".

Antiga basquetebolista e treinadora da Oliveirense, Rita Veloso enfrentou o desemprego quando se viu sem colocação como professora de Educação Física. Através de um amigo comum conheceu a Rita Azevedo e o resto "surgiu de forma encadeada até à abertura de portas, em junho deste ano", revelou à Lusa a primeira.

De uma consulta à Associação Nacional de Jovens Empresários (ANJE) e da visita a uma feira de empreendedorismo na Alfândega do Porto, em novembro de 2015, surgiu a mola para que o negócio arrancasse.

"Ao passarmos pela banca da Faculdade de Economia do Porto (FEP), a minha amiga disse para nos inscrevermos no concurso de melhores ideias que eles lá tinham exposto e acabámos por obter o segundo prémio", contou Rita Veloso.

O prémio foi o patrocínio da FEP do seu plano de negócios e aproveitando a desistência de um candidato a ocupar a fração livre da antiga fábrica, ocuparam o espaço para nele implementar aquilo que foi o seu "sonho de sempre" e a base do trabalho de pós-graduação.

"Este é o concelho mais pequeno do país, com oito quilómetros quadrados e onde em nenhum dos 16 ATL existentes há espaços livres para as crianças brincarem", salientou a diretora do "Armazém 4", um nome que reúne o espaço físico ao número preferido de Rita Veloso.

Com capacidade para receber 50 jovens dos seis aos 15 anos, o novo equipamento "está próximo de esgotar a sua capacidade, tendo já a frequência regular de 40", congratulou-se aquela responsável.

"O projeto é suportado por 28 professores, sendo cinco das valências académicas, 11 da componente artística e seis da desportiva, havendo ainda uma nutricionista, uma psicóloga, um fisioterapeuta e um técnico de psicomotricidade", descreveu.

Do equipamento, Rita Veloso revelou que o pavilhão "possui uma área de 600 metros quadrados e além do campo de jogos podem também fazer-se, por exemplo, escalada e parkour" e um estúdio, de 60 metros quadrados e luz natural, "onde se faz ginástica artística, ballet, música, dança criativa, teatro e artes marciais".

Num projeto que "conta com o apoio da câmara municipal", as duas empresárias apostaram também na vertente social, que envolvem os bombeiros locais - com a realização de um simulacro de incêndio num pinhal - sem esquecer o papel da inclusão social.

"Estabelecemos uma parceria com a CERCI que possibilita a crianças e jovens com necessidades educativas especiais participar nos mesmos programas de todos os outros", explicou.