“Quisemos assinalar esta necessidade de abanar um pouco a comunidade e dizer claramente que o município está sensível e preocupado com o problema do despovoamento, da natalidade, e sobretudo que este problema só pode ser resolvido pelos casais”, afirmou hoje o vice-presidente da Câmara de Montalegre, David Teixeira.
O “Olhares pela Maternidade” envolve as famílias, o município e o Centro de Saúde de Montalegre, através da médica Sandra Alves.
O projeto tem três grandes objetivos: o olhar pela demografia e natalidade, a promoção turística do concelho e a conceção de uma ferramenta de consulta sobre a vigilância da gravidez de baixo risco em cuidados de saúde primários.
“Viver nesta região de fronteira, longe das grandes cidades, tem também, na questão da gravidez, um risco acrescido pelo tempo que as mães demoram a chegar a Vila Real ou a Braga”, referiu o autarca.
No âmbito da iniciativa, está patente no edifício da câmara uma exposição de fotografias de recém-nascidos e ainda de barrigas de grávidas pintadas com ícones do concelho, como o castelo, uma bruxa, a ponte da Misarela, o parapente ou o rali. As fotografias foram também transpostas para um calendário.
Daniela Morgado, advogada de 28 anos, está grávida de sete meses e foi uma das participantes do projeto que diz que quer “alertar para a baixa natalidade”.
“Portugal tem uma taxa de natalidade reduzida, mas as zonas do Interior muito mais. De certa forma, o projeto quis alertar para essa situação e incentivar futuros casais a terem filhos. Também é uma forma de dizer que é bom viver em Montalegre. Não sou daqui, mas sinto-me tão bem aqui como me sinto em casa”, salientou.
Com cerca de 11.000 habitantes, este concelho do distrito de Vila Real regista uma média de 40 nascimentos por ano.
Tânia Afonso, 26 anos, mãe de uma menina recém-nascida e de outro menino, salientou que a participação no projeto foi “uma experiência diferente”, que gostou “muito”.
O “Olhares pela Maternidade” quer também fortalecer a identidade dos barrosões.
Tânia Afonso disse que gosta de viver em Montalegre. “É uma vida mais calma aqui. Não temos tanta confusão, tanto trânsito. Vou com eles a todo lado, não temos o problema de estacionamento. É calmo e gostamos dessa tranquilidade”, frisou.
O município anunciou também um “cheque maternidade” de 50 euros, por mês, que será atribuído durante os primeiros três anos, a todos os casais que tiverem filhos. A autarquia prevê aplicar 75 mil euros nesta medida.
Este apoio exige que as faturas apresentadas resultem de gastos realizados no concelho e que os casais também ali residam.
David Teixeira destacou que as duas vertentes deste financiamento são “garantir que a economia local funciona e garantir que os bebés, as crianças, têm as melhores condições”.
“Sem dúvida que é muito bom. É lógico que não se deve pensar em ter filhos só por causa dos benefícios, mas sem dúvida que é uma ajuda preciosa para qualquer casal ter esse apoio por parte do município”, salientou Daniela Morgado.
Tânia Afonso acrescentou que, neste momento, “toda a ajuda é bem-vinda”. “Usam fralda os dois e temos algumas despesas. A ajuda da câmara veio mesmo a calhar”, referiu.
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