O mundo do casal australiano Catherine e Greg Hughes mudou no dia 13 de fevereiro de 2015 quando foram pais de Riley. «Um menino lindo e saudável», descreve a mãe. Três semanas depois, a criança começou a apresentar sintomas de gripe e tosse. O primeiro médico que o observou desvalorizou a condição do bebé. Os pais insistiram em levá-lo ao hospital. As suspeitas iniciais de bronquiolite, um tipo de infeção nos pulmões, não se confirmaram.

Era algo mais grave. Tosse convulsa, uma doença respiratória causada pela bactéria Bordetella pertussis que não afeta muito os adultos (os sintomas assemelham-se aos de uma constipação) mas, nos bebés recém-nascidos, pode gerar quadros graves de pneumonia, hemorragia ou até mesmo a morte. Foi o que aconteceu com Riley Hughes, que morreu 32 dias depois de ter nascido, no seguimento do agravamento do seu estado de pneumonia.

Ainda no hospital, os pais descobriram que uma vacina que países como os EUA, o Reino Unido, a Bélgica e a Nova Zelândia recomendam às mulheres no terceiro mês de gravidez poderia ter prevenido o problema. «Desde que essa prática foi adotada, o número de mortes causada pela bactéria no Reino Unido diminuiu mais de 90%», afirma Catherine Hughes.

Depois do alerta desesperado desta mãe, que criou a página «Light for Riley» no Facebook as autoridades australianas instituíram um programa que inclui a oferta gratuita da vacina a mulheres no terceiro trimestre de gestação. Uma vitória que não a desmobilizou. «A nossa missão é evitar que outras crianças e famílias sofram uma perda parecida para uma doença que pode ser prevenida», justificou já publicamente.

«Estamos determinados a prevenir mais mortes causadas por esta doença», refere também na página que criou e que utiliza como plataforma de esclarecimento. A «campeã da imunização», como lhe chamam, viu a sua luta reconhecida ao ganhar o prémio WA Young Australian of the Year 2016. Em Portugal, a vacina que poderia ter salvo Riley Hughes integra o Plano Nacional de Vacinação.

Texto: Luis Batista Gonçalves