
O físico Carlos Fiolhais defendeu hoje que Portugal pode travar a emigração de jovens talentos, dando-lhes a possibilidade de ascenderem à cátedra universitária e de ajudarem a inovar nas empresas. Com os cortes previstos no Orçamento do Estado para 2012, “há o perigo de alguns jovens cérebros brilhantes se sentirem tentados a ir para fora de fronteiras e, pior do que isso, a lá ficar. Para eles poderia ser bom, mas era mau para nós”, disse o físico à agência Lusa. Para “contrariar ativamente” a tendência de êxodo de jovens “a quem demos bolsas e temos de dar vida”, o docente da Universidade de Coimbra defendeu maior ligação da ciência à universidade e, dentro desta, maiores oportunidades para os jovens “cérebros”. “Montou-se um sistema de ciência muito dinâmico nos últimos tempos, mas em grande parte ele está ao lado da universidade. É preciso pô-lo mais lá dentro. E contratar os jovens para a universidade, que tem um corpo docente que está a ficar envelhecido”, afirmou Fiolhais. “Não basta dar-lhes apenas uma bolsa, mas dar-lhes também a possibilidade de ascenderem à cátedra e criarem os seus grupos de investigação dentro da universidade”, defendeu. Para o físico, “mais importante do que isso é a ligação dos jovens talentos à economia. É preciso que os jovens brilhantes na investigação vão também para as empresas. E é preciso que as empresas percebam que tem ali também uma maneira de segurar o futuro”. Os agentes económicos devem deixar de “ver apenas a curto prazo" e porem os jovens com alta formação nas empresas “a fazer o futuro”, acrescentou o também responsável pelo programa de Educação da Fundação Francisco Manuel dos Santos. Fiolhais preconizou a criação uma base de dados que espelhasse a “diáspora científica” e que “jogasse a nosso favor”, no sentido de assegurar que talentos que preferiram fixar-se noutros países continuem a colaborar com Portugal e o seu tecido científico e empresarial. Defendeu ainda um maior investimento de Portugal no registo de patentes, uma área onde – disse – “o país não está bem”.
20 de outubro de 2011
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