Durante milhares de anos, as mulheres foram forçadas a criar as mais variadas estratégias anticoncecionais. Davam asas à imaginação e socorriam-se dos recursos mais curiosos para o efeito, frequentemente, para detrimento da própria saúde. Desde beber misturas à base de chumbo e mercúrio, a amamentar durante longos períodos de tempo. As mulheres, a título individual, desejavam poder antecipar a chegada do primeiro filho e decidir o número de filhos que gostariam ter. Mas esse comportamento arriscado também procurava jogar em favor da disponibilidade financeira dos casais.

Conclusão, o planeamento familiar foi sempre uma preocupação. Mas até à invenção da pílula, nos anos da década de 1960, praticamente todos os métodos contracetivos foram ineficazes. Um aspeto que não evoluiu ao longo deste tempo. A mulher continua a ter de assumir os riscos inerentes aos mais variados métodos contracetivos. Saiba que impacto a pílula pode ter na sua saúde e bem-estar. Segundo Isabel Martins, médica de ginecologia e obstetrícia e especialista em planeamento familiar, as raparigas começam a tomar a pílula cada vez mais cedo. Esta tendência deve-se, sobretudo, a um fator. A faixa etária do início da vida sexual tem vindo a diminuir progressivamente.

«Na última revisão da unidade de adolescentes da Maternidade Alfredo da Costa, em Lisboa, a idade média das raparigas para o início da vida sexual foi de 14,3 anos, o que contrasta com resultados dos estudos do grupo Aventura Social, de 2010, que referem os 16 anos», esclarece a especialista. A diferença entre os dados deve-se ao facto de terem sido usadas amostras de grupos socioeconómicos diferentes. Neste caso, a escolaridade também tem uma grande influência, visto que as raparigas com maior acesso a informação sobre contraceção começam mais tarde a sua vida sexual.

Uso de métodos anticoncecionais ajuda a prevenir doenças e infeções

Nas palavras da médica, «a educação sexual nas escolas é fundamental e deve antecipar-se cronologicamente ao início da vida sexual». Vários estudos nacionais e internacionais recentes referem, contudo, que a maioria dos adolescentes continua a menosprezar o uso do preservativo nas relações sexuais. Isabel Martins sugere que, se o objetivo é «proteger de uma gravidez não desejada, o ideal é promover o método duplo». Assim, a especialista recomenda que as raparigas adolescentes e as mulheres utilizem um método contracetivo e que incentivem o seu parceiro a usar sempre preservativo, já que «é o único método que protege das infeções sexualmente transmissíveis».

Este sistema deve ser mantido até à fase adulta, de modo a evitar gravidezes indesejadas e infeções. De todos os métodos anticoncecionais, a pílula é o mais conhecido. Enquadra-se no grupo dos contracetivos hormonais combinados, compostos por duas hormonas, o estrogénio e a progesterona. A sua administração tem o inconveniente de ser oral e diária. Porém, Isabel Martins recorda que «existem outras vias de administração, nomeadamente a transdérmica, com aplicação semanal, e a vaginal, que se aplica uma vez por mês», esclarece ainda a especialista.

Texto: Filipa Basílio da Silva