Um novo estudo realizado por investigadores do Instituto de Métricas e Avaliação de Saúde (IHME) da Faculdade de Medicina da Universidade de Washington e do Centro de Pesquisa de Desigualdades em Saúde Global (CHAIN) identificou reduções significativas no risco de morte de crianças associadas a mais anos de educação dos pais.

De acordo com o estudo, um único ano de educação da mãe reduziu em 3% o risco de morte de filhos menores que cinco anos de idade, e crianças nascidas de mães que tenham recebido 12 anos de educação têm mais de 30% menos probabilidade de morrer antes dos cinco anos, em comparação com aquelas nascidas de mães com nenhum ano de educação.

Doze anos de educação paterna reduziram em 17% o risco de mortalidade de menores de cinco anos, em comparação com nenhum ano de educação.

"Este estudo é empolgante devido à consistência dos efeitos positivos da educação em diferentes regiões geográficas e no tempo", disse Hunter York, principal autor do estudo. "Embora esta evidência não seja causal, aponta para uma relação que vai além da influência de comportamentos relacionados à baixa escolaridade, como tabagismo, ou intervenções políticas que visam melhorar a sobrevivência de crianças independentemente do nível de educação dos pais, como planeamento familiar gratuito. Esses são mecanismos importantes que afetam a relação entre educação e saúde das crianças, mas os nossos resultados sugerem uma função benéfica da educação por si só."

Os autores do estudo destacaram a importância de estudos adicionais sobre a educação dos pais, que tem sido muito menos estudada do que a educação das mães.

"Mesmo depois de observar o nível de educação das mães, a educação dos pais ainda é importante", disse a professora Emmanuela Gakidou, uma das autoras sénior do estudo. "A maioria dos estudos analisa apenas os anos de educação da mãe, mas é crucial entender e analisar a ligação entre os dois, e não menosprezar a contribuição da educação do pai para a sobrevivência dos filhos."

Mais de 300 estudos provenientes de 92 países foram incluídos na análise, abrangendo mais de três milhões de nascidos vivos. Os investigadores constataram que o efeito protetor da escolaridade dos pais se fortaleceu com o aumento da idade da criança, mas foi significativo para todas as faixas etárias abaixo de cinco anos.

Para recém-nascidos (0 a 27 dias), cada ano adicional de educação materna reduziu o risco de mortalidade em 1,5%. Cada ano de educação paterna reduziu o risco em 1,1%. Para bebés (um a 11 meses), cada ano de educação da mãe reduziu o risco de mortalidade em 3,7%. Cada ano de educação do pai reduziu o risco em 1,8%.

Para crianças pequenas (um a quatro anos), cada ano de educação da mãe reduziu o risco de mortalidade em 4,4%. Cada ano de educação paterna reduziu o risco em 2,2%. A relação esteve presente em todas as regiões e após análise do património ou rendimento, nível de educação da parceira e sexo da criança.

"É necessário reduzir ainda mais a mortalidade infantil, e os investimentos em educação podem ser fundamentais para conseguir isso", disse o professor Terje Andreas Eikemo, líder da CHAIN. "Chegou a hora da educação entrar na agenda política internacional como um fator determinante global da sobrevivência infantil."

É importante ressaltar que o estudo também constatou que o impacto de cada ano adicional de educação sobre a sobrevivência das crianças permaneceu o mesmo para a educação primária, secundária e terciária, indicando que o foco apenas na educação primária perde oportunidades de reduzir o número de mortes de menores de cinco anos e de dar às crianças melhores chances de sobrevivência.

"Mesmo entre gerações, educação e saúde estão ligadas", disse Kam Sripada, um dos principais autores do estudo. "O acesso universal à educação de qualidade deve ser uma prioridade desde os primeiros anos até o ensino superior, tanto para auxiliar a geração atual a atingir o seu potencial quanto para ajudar a próxima geração a sobreviver e prosperar."

O estudo foi financiado pelo Conselho de Pesquisa Norueguês, pela Fundação Bill & Melinda Gates e pela Comissão Rockefeller Foundation-Universidade de Boston para fins sociais, dados e tomada de decisões (Comissão 3-D).

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