"Em Portugal, não somos livres de escolher a instituição que mais nos agrada ou o curso que mais gostamos. Escolhemos consoante o custo da habitação e o nosso rendimento familiar", afirmou o líder da mais antiga associação de estudantes do país, que discursava na cerimónia da abertura solene das aulas da Universidade de Coimbra (UC).
Para Daniel Azenha, "é maior o esforço financeiro e emocional" para os estudantes nas universidades portuguesas "do que o esforço intelectual e do trabalho".
"Na sociedade portuguesa, e em qualquer sociedade evoluída, essa sobreposição não deveria ter lugar", vincou.
Dirigindo-se ao Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, presente na cerimónia, Daniel Azenha pediu que o "ensino superior não seja um espaço inatingível, que apenas se encontra ao alcance de quem tem um agregado familiar com capacidade financeira".
"Naturalmente que se perspetiva um período de novas dificuldades económicas para as famílias, pelo que os apoios sociais de emergência deverão ser prolongados no tempo, ser funcionais e de rápida resposta, prontos a ser usados", defendeu.
Para Daniel Azenha, o ensino superior "não pode continuar a ser o parente pobre da educação".
O dirigente notou que, na retoma do ano letivo, viram-se incentivos à digitalização e preocupação com o bem-estar emocional e financeiro dos alunos da escolaridade obrigatória, enquanto no ensino superior o Governo "assume que os estudantes têm capacidades financeiras" para todos os encargos - das rendas aos recursos digitais necessários.
Apesar disso, o dirigente estudantil notou que "os investimentos têm sido visíveis", mas "pouco ambiciosos".
"Aquilo que pedimos é claro: um Governo que aposte no ensino superior, para que possa ser de qualidade, de formação transversal e de acesso a todos. Com os objetivos de não deixar ninguém para trás, de permitir que o elevador social volte a funcionar e que ser estudante não seja uma escolha forçada ou um estado de preocupação contínua", frisou.
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