Oito em cada dez crianças com cancro podem ser curadas se, aos primeiros sinais da doença, forem encaminhadas para os serviços médicos, disse à agência Lusa a diretora-geral da Associação Acreditar.

 

O alerta da Associação de Pais e Amigos da Criança com Cancro surge a propósito do Dia Internacional da Criança com Cancro, que se assinala a 15 de fevereiro.

 

“Neste dia procuramos chamar a atenção da população e das autoridades de que o cancro infantil é uma doença grave, mas quando o diagnóstico é feito a tempo tem um prognóstico de cura muito maior”, disse a diretora-geral da associação.

 

“Se o cancro for detetado a tempo, em cada dez crianças, oito podem ficar curadas e praticamente sem sequelas”, realçou Margarida Cruz.

 

“São números animadores e um sinal enorme de esperança para os pais, que ficam tão devastados quando veem um filho com cancro”, frisou.

Salomé Freitas, 20 anos, sobreviveu a uma leucemia, diagnosticada quando tinha 12 anos.

 

Quando lhe disseram que tinha leucemia, Salomé temeu o pior: “Senti que a minha vida ia acabar ali, não tive grande esperança”, contou à Lusa.

 

Depois do diagnóstico da doença, seguiram-se dois anos de tratamento de quimioterapia e, associada ao tratamento, “vierem inúmeros efeitos secundários e doenças secundárias”, disse, confessando que “foi um período um bocadinho conturbado”.

 

Houve um dia em que os médicos lhe disseram que estava curada: “Foi um processo gradual, fui-me sentindo melhor ao longo do tempo e a minha vida foi voltando à normalidade”.

 

“Quando me apercebi que estava tudo bem foi uma vitória”, comentou Salomé, que se tornou há dois anos voluntária da Acreditar para ajudar crianças com cancro.

 

“Neste tempo que tenho feito voluntariado poucas vezes passei o meu testemunho, porque os doentes não querem falar disso”, sublinhou Salomé, que é a prova de que “é possível superar a doença” e “cada vez são mais os casos de sucesso”.

 

O cancro mais frequente nas crianças é a leucemia, que tem um prognóstico de cura “muito bom” quando é detetada a tempo.

 

“Mais de 90 por cento das crianças ficam curadas e praticamente sem sequelas”, frisou Margarida Cruz.

 

Em Portugal, “o diagnóstico é feito, normalmente, com muita rapidez”, mas é preciso sensibilizar os pais, a população e as autoridades para que estejam atentas.

 

“Procuramos chamar a atenção dos pais, sem alarme, para quando há determinados sinais, como dores de cabeça e nódoas negras recorrentes numa criança, recorrerem ao pediatra para que a doença seja detetada o mais rápido possível e a criança possa ser tratada”, disse a responsável.

 

Manchas brancas nos olhos, estrabismo súbito, cegueira, abaulamento do globo ocular, febre inexplicável prolongada, perda súbita de peso, palidez, fadiga, sangramento fácil, ossos doridos, dores inexplicáveis nas articulações e costas, fraturas fáceis, mudança ou deterioração da caminhada, equilíbrio ou no discurso ou inchaço na região da cabeça são outros sintomas que devem levar os pais a procurar ajuda médica.

 

“Muitas vezes, os pais não procuram ajuda por desconhecimento dos sintomas ou receio, por isso é tão importante partilhar os sinais de alerta e as taxas de sucesso no caso de diagnóstico precoce”, sublinhou Margarida Cruz.

 

Lusa