“Em pleno século XXI e ao contrário do que se poderia esperar, o número de mulheres mortas devido a complicações durante a gravidez, parto e pós-parto tem vindo a aumentar”, afirma a parlamentar, numa nota enviada à Lusa.
Citando dados do Instituto Nacional de Estatísticas, indica que “em 2018 morreram 17 mulheres nestas circunstâncias, um número semelhante apenas ao registado em 1980”.
“É preciso averiguar exatamente o que se está a passar para que estes casos possam ser evitados”, desafia Cristina Rodrigues, que “exige esclarecimentos ao Ministério da Saúde sobre o aumento da mortalidade devido a complicações no parto, na sequência do óbito de Vânia Graúdo, no Hospital de S.Bernardo, no início deste mês”.
Cristina Rodrigues assinala igualmente que “em novembro do ano passado, a Direção Geral de Saúde terá informado a comunicação social que se encontrava a avaliar cada um dos óbitos maternos ocorridos em 2017 (foram nove) e em 2018” e que “os resultados destas avaliações seriam discutidos com peritos independentes e as conclusões finais deveriam estar disponíveis até ao final de 2019”.
“Foram essas avaliações feitas de facto? E discutidas? O que se concluiu?”, questiona, indicando que quer “saber os resultados dessas avaliações e as suas conclusões finais”.
“Não podemos deixar de relacionar este aumento com a situação difícil que a Saúde no nosso país tem vivido. Nesse sentido, importa também saber quantos profissionais de obstetrícia se encontram no ativo e que unidades de saúde oferecem este serviço”, acrescenta Cristina Rodrigues.
A Ordem dos Médicos revelou na quarta-feira que a morte de uma mulher após o parto no hospital de Setúbal pode ter sido causada por uma embolia do líquido amniótico, uma "situação muito rara e grave", mas ressalvou que "aguarda as conclusões do inquérito interno do hospital".
O Centro Hospitalar de Setúbal (CHS) tinha informado na quarta-feira que foi aberto um processo para averiguar e esclarecer as circunstâncias da morte de Vânia Graúdo, uma utente que morreu após o nascimento do filho em 03 de agosto.
À Lusa, o hospital afirmou que a mulher “foi atendida de acordo com o estado da arte preconizado para a sua situação clínica”, mas frisa que já foi aberto “um processo de averiguação para o cabal esclarecimento da situação”.
Segundo o Correio da Manhã, a mulher tinha 42 anos e estava grávida de 39 semanas quando deu entrada no Hospital de São Bernardo, em Setúbal, no dia 01 de agosto, para uma cesariana marcada.
No entanto, de acordo com uma amiga da mulher, em declarações ao mesmo jornal, a médica de serviço optou por realizar um parto normal, que só se concretizou 48 horas depois, em 03 de agosto.
A deputada não inscrita, eleita pelo círculo de Setúbal, quer saber ainda “que explicação existe para esta incongruência, se é que existe alguma”, e questiona se “num momento tão delicado da vida de uma mulher, não tem ela direito a saber exatamente por que tipo de procedimento vai passar”.
Comentários