A poucos dias do reinício do ensino à distância, que começa na próxima segunda-feira, a Federação Nacional de Professores (Fenprof) dirigiu-se a vários dirigentes políticos para que encontrem uma "solução urgente" para o problema que vai afetar “o normal desenvolvimento da atividade profissional com impacto negativo nos alunos e nas suas aprendizagens, já de si muito condicionadas pelo ensino a distância”.

Os professores em teletrabalho estão “impossibilitados de beneficiar de qualquer medida de apoio e acompanhamento de filhos menores de 12 anos”, lembra a federação sindical.

A Fenprof recorda que o horário dos professores obedece a uma organização que não é flexível, porque “a atividade prevista para determinada hora não pode ser adiada ou antecipada, de acordo com os ritmos e as necessidades dos filhos dos professores, muitas vezes manifestadas no momento em que decorre atividade síncrona e o docente se encontra em contacto visual e sonoro com as suas turmas”.

Por não fazerem parte do grupo de trabalhadores de serviços essenciais, os professores também não podem recorrer às creches e escolas de acolhimento.

Depois de, no início da semana, ter alertado responsáveis do Ministério da Educação, a Fenprof pediu agora a intervenção ao “Presidente da República, ao Primeiro-Ministro e aos Grupos Parlamentares, a quem solicitou que fossem promovidas todas as diligências possíveis com vista à resolução urgente do problema”.

A Fenprof volta a lamentar que o ensino à distância seja feito mais uma fez sem “que tivessem sido resolvidos muitos dos principais problemas que, de há dez meses a esta parte, são conhecidos”.

Entre as críticas está a entrega dos computadores - “a esmagadora maioria dos computadores, prometidos para setembro, por agora, está adiada para o final de março” – e as condições de trabalho dos docentes no modelo de ensino à distância.

Para a Fenprof continua também por resolver a questão da compensação dos docentes que foram obrigados a utilizar os seus recursos pessoais, que, em muitos casos, tiveram de adquirir, por não terem sido assumidas as obrigações legais pela entidade empregadora, seja pública ou privada.

As escolas encerraram as portas há cerca de duas semanas e as crianças e jovens, desde creches ao ensino superior, ficaram em casa, numa pausa letiva que termina na sexta-feira.

Na segunda-feira, cerca de 1,2 milhões de alunos do 1.º ao 12.º ano voltam a ter aulas à distância, à semelhança do que aconteceu no passado ano letivo.

A decisão do Governo em fechar as escolas teve por base o agravamento da situação pandémica e a capacidade cada vez mais diminuta de resposta por parte dos hospitais.