Em declarações à Lusa, os presidentes da Associação Nacional de Dirigentes Escolares (ANDE) e da Associação Nacional de Diretores de Agrupamentos e Escolas Públicas (ANDAEP) disseram que as primeiras impressões que receberam sobre o novo complemente ao ensino à distância foram positivas, tanto de docentes como de alguns pais que assistiram às aulas com os filhos.

As primeiras aulas através da televisão do terceiro período começaram a ser transmitidas hoje pela RTP Memória, no âmbito do programa #EstudoEmCasa, criado pelo Ministério da Educação, e a manhã foi dedicada aos alunos dos 1.º e 2.º ciclos do ensino básico, com o horário do 3.º ciclo concentrado na parte da tarde.

“Esta é uma novidade no processo ensino-aprendizagem à qual os alunos estão a aderir, daquilo de que me apercebi, com entusiasmo”, contou o presidente da ANDAEP, Filinto Lima, acrescentando que os próprios professores incluíram os conteúdos destas aulas nas suas planificações e, por isso, recomendaram a sua visualização aos estudantes.

Filinto Lima reconheceu que este é um complemento particularmente vantajoso para os alunos que não têm possibilidade de acompanhar as aulas ‘online’, por não terem acesso à Internet ou a computadores, mas de uma maneira geral todos os alunos estão a aproveitar a iniciativa.

Também o presidente da ANDE contou que ao longo do dia foi recebendo um ‘feedback’ muito positivo por parte dos professores e de alguns encarregados de educação, em particular dos alunos mais novos, dos 1.º e 2.º ciclos, que de manhã assistiram às aulas de Português, Matemática e Ciências Naturais.

Manuel Pereira elogiou a iniciativa, considerando que o único problema decorre do facto de algumas escolas já terem lecionado os conteúdos que estão agora a ser transmitidos pela RTP Memória, no âmbito da sua autonomia e da flexibilidade curricular.

“A opção da Direção-Geral da Educação em relação ao que está planificado para o terceiro período é uma opção baseada nos conteúdos curriculares que supostamente deveriam ser dados neste período, mas muitas escolas fizeram opções diferentes em relação à gestão dos conteúdos”, explicou.

Ainda assim, o diretor escolar desvalorizou, afirmando que mesmo que os alunos já tenham estudado as matérias do #EstudoEmCasa, durante as aulas presenciais, esta é uma oportunidade para aprofundar conhecimentos. E acrescenta: “Os outros que ficarem para trás dar-se-ão noutro momento, não tem problema algum”.

A opinião é partilhada por Filinto Lima, que considera que as aulas através da televisão são uma ferramenta complementar ao trabalho dos professores com os alunos, quer tratem matérias novas ou não.

“Podem passar agora conteúdos programáticos que já foram lecionados, mas o professor pode aproveitar isso para consolidar a matéria. Se os conteúdos programáticos são novos e o professor quiser de facto dar nova matéria, também poderá usar esse recurso”, sublinhou.

Os alunos do ensino obrigatório, do 1.º ao 12.º ano, estão em casa desde 16 de março, depois de o Governo ter decidido suspender todas as atividades letivas presenciais para conter a propagação do novo coronavírus, e, até ao final deste ano letivo, só os alunos do 11.º e 12.º anos deverão regressar as escolas, com aulas de preparação para os exames de acesso ao ensino superior.

Portugal cumpre o terceiro período de 15 dias de estado de emergência, iniciado em 19 de março, e o decreto presidencial que prolongou a medida até 02 de maio prevê a possibilidade de uma "abertura gradual, faseada ou alternada de serviços, empresas ou estabelecimentos comerciais".