Recorrendo a ecografias 4D, investigadores britânicos da Universidade de Durham e da Universidade de Lancaster descobriram que os bebés conseguem prever, em vez de reagir, os movimentos das suas próprias mãos para a boca quando entram nas últimas semanas de gestação em comparação com o início da gravidez.

 

A equipa de investigadores afirma que as últimas descobertas podem melhorar a compreensão sobre os bebés, especialmente aqueles que nascem prematuramente, a sua disponibilidade para interagir socialmente e a sua capacidade de acalmar-se chuchando no polegar ou nos dedos. O estudo indica que os resultados poderão ser também um potencial indicador de como os bebés se preparam para a alimentação.

 

No estádio inicial da gestação, os fetos tocaram com mais frequência na parte superior e nos lados das suas cabeças. À medida que a gravidez progredia, os bebés começaram a aumentar a frequência do toque nas zonas inferiores e mais sensíveis da cara, incluindo a boca.

 

Às 36 semanas, uma proporção significativamente maior de fetos foram observados a abrir a boca antes de tocá-la, sugerindo que eram capazes de antecipar que as suas mãos estavam prestes a tocar na boca, em vez de a boca reagir ao toque das mãos, dizem os investigadores. Uma sensibilidade aumentada em volta da boca nesta fase tardia da gravidez pode significar que os bebés estão mais conscientes do movimento da boca, acrescenta a equipa.

 

Teorias anteriores sugeriam que o movimento em sequência pode ser a base para a formação da intenção nos bebés. Os investigadores afirmam que estas descobertas podem ser um indicador de desenvolvimento saudável, já que bebés que estão atrasados neste desenvolvimento devido a doença, como restrições de crescimento, podem não mostrar o mesmo comportamento observado durante o estudo.

 

Nadja Reissland, do departamento de Psicologia da Universidade de Durham, diz: «O aumento do toque na parte inferior do rosto e na boca em fetos poderá ser um indicador do desenvolvimento do cérebro necessário para o desenvolvimento saudável, incluindo a preparação para a interação social, autocalmante e alimentação.»

 

«O que temos observado são eventos sequenciais, que mostram maturação no desenvolvimento dos bebés, o que constitui a base para a vida após o nascimento», continua. «As descobertas podem fornecer mais informações sobre quando os bebés estão prontos para colaborar com o meio ambiente, especialmente se nascerem prematuramente.»

 

Brian Francis, professor de Estatística Social na Universidade de Lancaster, acrescenta: «Este efeito é suscetível de ser evolutivamente determinado, pois prepara a criança para a vida fora do útero. Com base nestes resultados, a pesquisa futura poderá levar a uma maior compreensão sobre como a criança é preparada para a vida, incluindo a sua capacidade de interagir com o ambiente social, regular a estimulação e estar pronta para mamar.»

 

O estudo baseia-se em investigações anteriores, também realizadas nas universidades de Durham e Lancaster, sobre o desenvolvimento fetal. No início de 2013, um destes estudos mostrava que os bebés no útero praticam expressões faciais no que se pensa ser uma preparação para a comunicação após o nascimento. Em 2012, Nadja Reissland publicou uma pesquisa que mostrava que os bebés bocejam no útero, o que sugere que o bocejo é um processo de desenvolvimento que poderá dar aos médicos um outro indicador de saúde um feto.

 

A investigação, publicada na revista Developmental Psychobiology, envolveu oito meninas e sete meninos e os investigadores não observaram qualquer diferença no comportamento entre rapazes e raparigas. Os investigadores realizaram um total de 60 exames a 15 fetos saudáveis, em intervalos mensais entre as 24 semanas e as 36 semanas de gravidez.