“Descubram aquilo que vos faz realmente felizes. Esse é o gatilho para dar início a tudo o resto. E depois procurarem por elas. Nunca parem de sonhar e, acima de tudo, acreditem que são capazes de tudo a que se propõem”. Este é o primeiro conselho de Sílvia Pereira, mãe e fundadora da marca de roupa Mahrla, a todas as mulheres que querem dar início ao seu próprio negócio.
Como se costuma dizer, “quando se fecha uma porta, abre-se uma janela”. Foi o que aconteceu a Léa Gonçalves e a Sílvia Pereira, que perante uma situação de desemprego tomaram as rédeas da sua vida profissional.
No caso de Léa Gonçalves, 34 anos, tudo começou quando foi mãe aos 32. “Passados os primeiros meses de maternidade, estava na altura de encontrar emprego. Enviei currículos e consegui várias entrevistas. Pensei que ia correr bem, mas logo percebi que as empresas não queriam mães com bebés, uns disseram honestamente que era um entrave pois, possivelmente, iria ter de faltar ao emprego muitas vezes, outros disseram que iriam dar resposta. Esta nunca chegou”.
Como ninguém contratava uma mulher que acabava de ser mãe, Léa, que vive no Sardoal, sentiu que estava na altura de ser ela a meter mãos à obra. Numa simples ida ao supermercado com a sua filha bebé, surgiu a ideia de criar a Jasmim, uma marca de produtos para bebés.
“A ideia deste negócio nasceu de uma necessidade que tive, numa ida ao supermercado com a minha filha. Precisava de algo para transportá-la enquanto fazia as compras. Algo seguro e confortável. Procurei em lojas e vendas online e constatei que não havia, em Portugal, nada que me pudesse realmente ajudar”, conta Léa.
As ideias começaram a surgir, pediu a máquina de costura à avó e aprendeu a coser com alguns tutoriais disponíveis na internet. Após vários meses de tentativas e testes nasceram o Jammack e o Himiguh, produtos para transportar os bebés nos carros de compras dos super e hipermercados.
“Depois de terem passado em todos os testes laboratoriais exigidos, tinha chegado a altura de constituir a empresa. Escolhi o nome "Jasmim" em homenagem à minha filha Íris Jasmim. Sem ela, este negócio não existiria. Neste momento, os produtos são fabricados numa fábrica têxtil e depois enviados aos clientes a partir da minha casa”.
Atualmente sente-se uma mulher realizada e feliz por trabalhar num negócio próprio. “Não podemos desanimar ou ficar à espera de uma coisa que pode nunca vir. Temos de por as "mãos à obra" e partir à aventura! Gosto do lema: "Trabalhe em algo que realmente gosta, e nunca precisará de trabalhar na vida."
Ficar sem nada para fazer também não era do feitio de Sílvia Pereira, natural do Porto. E como estava desempregada na altura, obrigou-se a criar algo. Esse algo chama-se agora Mahrla, uma marca de roupa que “oferece peças únicas e versáteis, que tanto podemos conjugar com uns jeans e ténis para ir buscar os filhos à escola, como podemos acrescentar uns saltos altos e acessórios e brilhar numa saída à noite”.
Para a semana, Sílvia orgulha-se se lançar o site da marca, mais uma conquista do seu trabalho.
Mas nem tudo foi um mar de rosas.
Entrar no mundo têxtil não é tarefa fácil e Sílvia deparou-se com alguns obstáculos. “Penso que o mais difícil, e que ainda continua a ser, é ter bons fornecedores que cumpram com tudo o que pedimos. O mundo têxtil é muito difícil e é preciso muita estaleca para estar nele”, conta.
O nome Mahrla tem muito significado para Sílvia já que era o nome que os seus pais lhe queriam ter dado quando nasceu, mas que não era permitido em Portugal.
Sílvia é a verdadeira mulher multitasking que compra os tecidos, leva ao corte, à confeção, levanta a produção, etiqueta e embala, trata das encomendas e envios e ainda do marketing e comunicação da marca nas redes sociais.
Perguntamos, o empreendedorismo vale a pena? “O empreendedorismo vale a pena se lutarmos, se corrermos atrás. Se for para fazer seguindo as pegadas de alguém, procurando os caminhos mais curtos e os atalhos para o sucesso, penso que não. É preciso viver a luta para que depois valha a pena cada conquista”.
Sílvia é também mãe do pequeno Rodrigo, de 7 meses, e lançou recentemente com uma amiga uma marca de roupa para bebés, a PICOLÉ LIMÃO.
“Trabalhando por conta própria, achava utopicamente que iria ficar com o meu bebe até aos 2 anos em casa e ser mãe e empreendedora ao mesmo tempo. Mas, rapidamente percebi que ser mãe é um emprego a tempo inteiro!” confessa Sílvia.
Perante a decisão de ser mãe a tempo inteiro ou continuar a trabalhar nos seus outros sonhos e projetos, sendo esta uma forma de garantir o futuro do filho, optou por colocá-lo no colégio.
“Foi uma decisão difícil, por ser o meu primeiro bebé e querer obviamente acompanhar tudo o que puder desta fase, mas sei que ele está muito bem entregue e o tempo que lá está é para mim muito importante para poder desenvolver o meu trabalho. Quando o vou buscar, o tempo a partir daí é só para ele até à hora de o deitar, depois volto então ao computador para trabalhar mais um pouco”.
Tanto Sílvia como Léa têm o mesmo lema: não desistir. “Vão em frente, não tenham medo, não estão sozinhas. Façam tudo muito bem pensado e planeado. Peçam ajuda nas Câmaras Municipais, associações empresariais, amigos e familiares. Existem muitas pessoas dispostas a vos ajudar”. Uma mensagem de incentivo que Léa deixa no final a todas as mulheres que queiram investir em si próprias e no seu potencial.
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