"Haverá uma parceria entre os cuidados de saúde primários, o hospital mais próximo e o Hospital Pediátrico, em que uma equipa de profissionais de saúde se deslocará ao domicílio para garantir a permanência e continuidade dos cuidados sem que a família tenha de trazer a criança a Coimbra", explicou o diretor do Pediátrico, Jorge Saraiva.

No caso do internamento domiciliário, a intenção do Hospital Pediátrico de Coimbra é a de assegurar a administração da terapêutica e a monitorização de alguns parâmetros, através de deslocações periódicas a casa da criança e do serviço de telemedicina.

Segundo Jorge Saraiva, trata-se de duas candidaturas "bem amadurecidas" ainda a aguardar decisão, que vão evitar as idas àquela unidade hospitalar de crianças com doenças complexas limitantes da qualidade de vida. O diretor do Hospital Pediátrico de Coimbra, que integra o Centro Hospitalar e Universitário de Coimbra (CHUC), anunciou ainda que aguarda o resultado de candidaturas a três centros de referência na área dos implantes cocleares, da fibrose quística e das coaglopatias congénitas.

Através do CHUC, o Hospital Pediátrico integra oito redes europeias e coordena seis Centros Europeus de Referência em medicina - doenças genéticas ósseas raras, síndromes dismórficas com atraso intelectual grave, doenças hepáticas com doença rara, transplante de órgãos em crianças, doenças oncológicas pediatras e doenças metabólicas.

Destes seis, é o único centro ibérico de referenciação na área das doenças genéticas ósseas raras e das síndromes dismórficas com atraso intelectual grave.

As doenças mais comuns na infância

Em 2016, aquela unidade realizou 122 mil consultas, atendeu 65 mil episódios de urgência, operou 4.000 crianças, dois terços em cirurgia ambulatória, mais 900 cirurgias urgentes e 3.900 internamentos, com uma demora média próxima dos seis dias.

O Hospital Pediátrico de Coimbra é responsável pela prestação de cuidados hospitalares de proximidade a 80 mil crianças e diferenciados a 300 mil, correspondente à área de abrangência da Administração Regional de Saúde do Centro (ARSC).

"Há uma articulação em cada área diferenciada, há médicos do hospital que se deslocam a outros hospitais, como Guarda ou Leiria, mas nalguns casos as crianças têm de vir a Coimbra, por exemplo no caso da cardiologia pediátrica, da genética médica ou ortopedia pediátrica", disse Jorge Saraiva.

De acordo com o responsável, "há serviços que estão vocacionados para prestar cuidados às 300 mil crianças e, nalguns casos, como na oncologia pediátrica, obriga a que a família se desloque a Coimbra, mas quando isso pode ser ultrapassado tem-se feito o máximo possível para que a criança aceda aos cuidados de que necessita no seu hospital mais próximo".

Nas áreas em que é o único centro de referência nacional - transplantação hepática pediátrica e retinoblastoma - a sua área de intervenção abrange um universo superior a 1,5 milhões de crianças.

Na área dos cuidados diferenciados para os casos mais complexos, o Hospital Pediátrico de Coimbra é também a referência da Direção-Geral de Saúde para o tratamento de crianças de Cabo Verde, Guiné-Bissau, São Tomé e Príncipe e Angola nas áreas da transplantação hepática, oncologia pediátrica e cardiopatias congénitas.

Nos dias 01 e 02 de junho realiza-se o 34.º curso de Pediatria Ambulatória, que encerra uma lista de mais de 31 eventos científicos, que decorreram desde 29 de janeiro de 2016, sob a égide do centenário do ensino universitário autónomo da Pediatria em Portugal, do 40.º aniversário do Hospital Pediátrico de Coimbra e do quinto aniversário da sua transferência para as novas instalações.