Anabela Correia tinha, como muitas mulheres, o sonho de ser mãe mas durante a gravidez da primeira filha, Madalena, engordou quase 30 quilos, um aumento de peso que a apanhou de surpresa. «Fui mãe há cerca de cinco meses e durante a gravidez aumentei 27 quilos, 20 dos quais ainda mantenho», desabafa.

 

«À primeira vista, a solução pode parecer simples, uma vez que bastaria fazer dieta e pronto. Porém os meus quilos não são gordos, pois o meu problema é a retenção de líquidos. Já falei com o médico de família e a solução passaria pela toma de um diurético. Acontece que estou a amamentar e o diurético, para além de passar para o leite, poderia mesmo secá-lo», sublinha Anabela Correia.

 

«Portanto, isso não é uma boa opção, uma vez que pretendo amamentar pelo menos até a bebé completar um ano de vida. Esta é uma decisão dolorosa, pois por um lado quero fazer o melhor pela minha filha, por outro não me revejo nesta silhueta, isto sem contar com as dores que tenho nos joelhos e que dificultam a prática desportiva. Tendo em conta todos estes aspectos, que alimentação deveria seguir?», interroga-se.

 
«Esta questão levanta vários aspetos críticos», responde a nutricionista Alva Seixas Martins. «Primeiro, correndo o risco de errar por falta de informação, diria que o aumento de peso durante a gravidez deveu-se a um excessivo consumo de alimentos e bebidas face às necessidades energéticas da futura mãe e feto», comenta a especialista.

 

«Assim sendo, os 20 quilos que ainda retém, dos 27 que aumentou durante a gravidez, são maioritariamente gordura e não água, uma vez que felizmente não menciona qualquer problema de saúde que provoque retenção hídrica, durante ou após a gravidez», considera a especialista que trabalhou nos últimos anos em áreas tão diversas como a nutrição clínica, a restauração colectiva, a industria alimentar, o ensino e a promoção da saúde.

 

«Em segundo lugar, atualmente recomenda-se a amamentação materna em exclusividade até aos seis meses, se possível, mas claro que esta decisão deve ser validada pelo pediatra do bebé», refere ainda Alva Seixas Martins, que deixa ainda outra recomendação.

 

«A partir dessa idade, não é essencial continuar a amamentação materna, exceto no caso de bebés que vivam em meios desfavorecidos, podendo ser usada uma fórmula láctea de transição e iniciada a diversificação alimentar, mas nunca antes dos quatro meses», informa ainda a nutricionista que já foi responsável pelo Serviço de Alimentação e Dietética do Hospital Distrital de Torres Novas e diretora executiva da Fundação Portuguesa de Cardiologia.

 

«Por último, os doentes que se autodiagnosticam e automedicam, como parece ser o seu caso, necessitam de grande acompanhamento, pois normalmente têm dificuldade em seguir as recomendações dos profissionais de saúde, com o consequente insucesso no tratamento», adverte ainda a esta especialista.

 

«Por isso, recomendo-lhe que esqueça os diuréticos e que marque uma consulta de nutrição com o objetivo de perder gordura, uma vez que uma dieta de emagrecimento equilibrada e rica em alimentos vegetais tem, por si só, um efeito diurético, sendo perfeitamente possível continuar a dar de mamar, se assim o deseja», sugere ainda Alva Seixas Martins.