Todos os dias saem novos livros sobre a gravidez. Alguns ajudam a desmistificar certas ideias que, apesar de obsoletas, continuam a fazer história no século XXI. A revista Superinteressante analisou o novo Expecting Better: Why the Conventional Pregnancy Wisdom is Wrong and What You Really Need to Know, de Emily Oster, e ouviu um conjunto de especialistas em pediatria e ginecologia. Aqui ficam algumas verdades e mentiras sobre o chamado “estado de graça”.
1. As grávidas devem evitar contacto com gatos
Meia verdade: O principal receio prende-se com a toxoplasmose, doença infecciosa, congênita ou adquirida, provocada por um protozoário que vive hospedado em alguns animais - gatos contaminados transmitem o parasita através das fezes. A toxoplasmose costuma passar despercebida, mas, nas grávidas é susceptível de provocar malformações no feto. Porém, para ficarem contaminados os gatos precisam de comer ratos ou pássaros que tenham cistos do toxoplasma nos músculos. Um animal que viva dentro de casa e só consuma ração dificilmente será contaminado. Mesmo assim, a tarefa de limpeza da caixa do gato não deve ser feita pela grávida.
2. Os primeiros três meses são os mais difíceis
Verdade: É nesta fase que se formam os órgãos do bebé e, por isso, existem mais riscos de doenças genéticas. Os cuidados com medicação, consumo de álcool e a prática de esforço físico exagerada devem ser redobrados. Cerca de 10 a 15% das mulheres sofrem um aborto espontâneo até a 12ª semana de gestação.
3. Não tocar em cremes anti-rugas
Meia verdade: Por não se fazerem testes com grávidas, desconhecem-se os efeitos secundários destes produtos de beleza. Porém, tendo em conta que, durante a gravidez, há um aumento da vasodilatação periférica, é normal que a pele absorva mais facilmente qualquer tipo de produto. Além disso, os cosméticos não costumam detalhar a sua composição, pelo que os especialistas pedem que sejam evitados.
4. É melhor cortar no adoçante
Mentira: Estudos recentes mostraram que, consumido em grandes quantidades, o ciclamato de sódio, adoçante feito a partir de um derivado de petróleo, pode causar danos no feto. Mas para que tal aconteça a grávida teria de ingerir o equivalente a dez latas de refrigerante light por dia. A maioria dos estudos já realizados não identifica problemas no consumo de edulcorantes, mesmo o ciclamato, desde que em doses moderadas. Mas existem alternativas menos problemáticas, como a stévia.
5. Futuras mães sentem mais calor
Verdade: Durante a gestação, o metabolismo fica mais acelerado e a temperatura do corpo aumenta. Não muito, perto de meio grau centígrado, o que já é o suficiente para sentir mais calor. No fim da gravidez, por causa do esforço e do peso, a sensação acentua-se.
6. Grávidas não podem pintar o cabelo
Mentira: Neste caso, o problema está na tinta, cuja composição química pode ser tóxica para o bebê. É certo que, em doses muito elevadas, alguns químicos podem aumentar o risco de malformação – também se provou que potenciavam o cancro em ratinhos de laboratório, mas em humanos não se comprovaram tais efeitos. O Congresso Americano de Obstetras e Ginecologistas concluiu que se pode pintar o cabelo depois do primeiro trimestre.
7. É natural comer por dois
Mentira: A não ser que queira levar uma descompostura do médico, livre-se de seguir esta máxima. Se tem um peso normal (IMC entre 18,5 e 25, sendo o IMC o peso em quilos dividido pelo quadrado da altura) o peso médio acrescido durante a gravidez situa-se entre os 11 e os 16 kg. Lembra-se de que peso a mais não é só um problema para a silhueta da jovem mãe, como uma ameaça à saúdo do bebé. Mulheres que engordam muito, correm mais riscos de desenvolver hipertensão e diabete gestacional, além de aumentarem as hipóteses de complicações durante o parto.
8. É melhor parar com o exercício físico
Mentira: Bom senso é a palavra-chave. Evite apenas actividades que oferecem risco de choque ou quedas. Também há evidências de que exercícios muito pesados, que elevam em mais de 90% os batimentos cardíacos, podem comprometer o fluxo de sangue para o bebê. De um modo geral, a atividade física é bem-vinda, desde que controlada.
9. Nem uma gota de álcool
Mentira: Está provado que beber muito (mais de cinco bebidas por dia) durante a gravidez pode provocar danos cognitivos no feto. Mas, apesar das polémicas e da dificuldade em realizar estudos a este propósito, não há evidências claras de que um copo de vinho ou cerveja por dia tragam problemas ao bebé. A velocidade de ingestão e o facto de acompanhar a bebida com algum tipo de alimento fazem toda a diferença.
10. Nem pensar em andar de avião
Mentira: Em mulheres saudáveis, não há provas de que as mudanças de pressão e humidade do ar, bem como o aumento da radiação, afetem negativamente a mãe ou o bebé. Apesar disso, é sabido que as grávidas correm mais riscos de sofrer uma trombose venosa, e as horas de imobilidade no ar são contraproducentes nesse sentido. Também não é aconselhável viajar depois das 37 semanas, a não ser que queira dar à luz num avião.
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