Se a investigação clínica de um determinado caso indicar que a infertilidade do casal é devida a um problema ovulatório da mulher e se se verificar a não existência simultânea de problemas masculinos, é provável que o médico recomende a terapêutica hormonal como solução para se conseguir uma gravidez.

Nestas situações, o tratamento consiste essencialmente num período de estimulação ovárica, seguido de relações sexuais programadas, com data e hora indicadas pelo médico que coordena o tratamento.

Há vários tipos de protocolo de tratamento com estimulação ovárica:
    
Com citrato de clomifeno:

O citrato de clomifeno é o mais antigo e provavelmente o mais utilizado dos medicamentos envolvidos no tratamento da infertilidade, sendo bastante útil em situações de infertilidade relacionadas apenas com problemas na ovulação, o que corresponde a cerca de 25% dos casos de infertilidade por fator feminino.

É um medicamento fácil de usar (tomado por via oral), com poucos efeitos secundários, mais barato comparado com outros medicamentos e bastante eficaz a estimular a ovulação, sendo eficaz em cerca de 80% dos casos.

 

É utilizado para fazer com que os ovários produzam folículos (“sacos de óvulos”), pois “engana” o cérebro, levando-o a “pensar” que existem quantidades baixas de estrogénios em circulação, o que indiretamente estimula os ovários a produzirem óvulos.

 

Trata-se de um medicamento que se utiliza principalmente em mulheres com menos de 40 anos, cuja infertilidade é devida a problemas na ovulação.
Se a terapêutica com citrato de clomifeno não se revelar eficaz, poderá ser necessário o recurso a medicamentos contendo hormonas gonadotrofinas (FSH e LH).

Com gonadotrofinas:

Nas situações em que o tratamento com citrato de clomifeno não funciona, poderá ser necessário o recurso a medicamentos contendo gonadotrofinas, que são hormonas que atuam estimulando diretamente os ovários, promovendo o desenvolvimento folicular e a produção de óvulos.
As hormonas gonadotrofinas usadas no tratamento da infertilidade podem ser urinárias (extraídas e purificadas a partir da urina de mulheres pós-menopáusicas) ou recombinantes (sintetizadas em laboratório através da aplicação de técnicas de biologia molecular).
As duas principais gonadotrofinas são a hormona folículo-estimulante (FSH) e a hormona luteinizante (LH), assim designadas porque exercem os seus efeitos principalmente sobre os ovários e testículos (também designados por gónadas).

Nas mulheres, a FSH e a LH exercem ações distintas, embora complementares, sobre:

- O crescimento e desenvolvimento dos folículos ováricos;
- A síntese e secreção das hormonas ováricas mais importantes, como é o caso dos estrogénios e progesterona,

A FSH estimula o desenvolvimento folicular, enquanto a LH é a hormona mais importante na fase luteínica, tendo um elevado “pico” mesmo antes da ovulação num ciclo natural, ajudando qualquer óvulo maduro a passar por um último surto de crescimento e a libertar-se do folículo.  Diminuições ou desequilíbrios nos níveis de FSH e LH podem levar a situações de anovulação (ausência de ovulação) e infertilidade.

 

As gonadotrofinas são administradas por via injetável e são dos medicamentos mais utilizados no tratamento da infertilidade. As doses utilizadas variam consoante os centros, a idade das pacientes, o seu peso e a experiência relacionada com ciclos anteriores, se for caso disso. Devem ser sempre controladas e se necessário ajustadas com base nas ecografias e análises hormonais realizadas ao longo do tratamento. O objetivo é estimular os ovários de forma a produzirem um bom óvulo, não correndo o risco de hiperestimulação.

 

Quando os ovários estão adequadamente desenvolvidos, é administrada uma injeção da hormona hCG (gonadotrofina coriónica humana) para desencadear o processo de ovulação e consequente libertação de um óvulo. Nesta fase o médico(a) indicará ao casal os períodos mais indicados para ter relações sexuais.

Os medicamentos deste tipo são também utilizados para estimular a ovulação nos ciclos de IIU, FIV e ICSI. A sua utilização deve ser feita sob rigorosa vigilância médica, pois o uso inadequado pode originar problemas graves, como por exemplo o Síndroma de Hiperestimulação Ovárica. Uma utilização menos controlada destes medicamentos pode aumentar o risco de ocorrência de uma gravidez múltipla (que pode trazer problemas quer para a mãe, quer para as crianças que hão-de nascer).

 

Frequentemente, a administração de gonadotrofinas é feita em conjunto (no mesmo protocolo terapêutico) que a de outros medicamentos, como sejam os agonistas ou os antagonistas da GnRH. Não é aconselhável que estes medicamentos sejam administrados sem a supervisão de um médico especialista em Procriação Medicamente Assistida.

O potencial de sucesso, assim como o número de ciclos aconselhável deste tipo de tratamento, depende de diversos fatores, incluindo a idade da mulher e a causa de infertilidade. De um modo geral, cerca de 40 a 45% dos casais consegue uma gravidez ao fim de seis meses de tratamento, sendo muito raro o uso deste tipo de ciclos por mais de 6 vezes consecutivas.

Nos casos de insucesso ao fim deste período geralmente aconselha-se a mudança para outro tipo de tratamentos mais complexos, tais como a FIV ou ICSI.

 

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