Desde muito cedo, as crianças são sensíveis aos estímulos artísticos. Uma imagem, uma melodia ou um movimento corporal específico despertam-lhes facilmente a atenção e, muitas vezes, procuram saber como se conseguem fazer.
Deixados à vontade, os mais novos tendem naturalmente a expressarem-se. Seja de lápis de cor nas mãos, a cantarolar uma música conhecida ou inventada na hora ou a experimentarem uns passinhos de dança em frente ao espelho.
Para além da satisfação que estas atividades lhes transmitem, pintar, dançar, cantar e até aprender a tocar um instrumento são trunfos importantíssimos de aprendizagem e de desenvolvimento mental e emocional. Estimulam a imaginação e a criatividade, abrem caminho à expressão de sentimentos e ensinam princípios tão importantes como a persistência, o trabalho em equipa, a satisfação pelo dever cumprido e a alegria de darem alegria aos outros.
Exploração dos sentidos
Os currículos do ensino pré-escolar são ricos na exploração desta riqueza, transformando-a em ferramentas de aquisição de competências. Por exemplo, ao terem por hábito a pintura, as crianças desenvolvem a motricidade fina necessária a pegarem num lápis e numa caneta de forma eficiente, quando aprenderem a escrever.
Ao estarem habituados a utilizar a sua imaginação e criatividade, os mais novos encaram também de forma mais competente e segura todos os desafios de aprendizagem que lhe sejam propostos.
Por outras palavras, o desconhecido deixa de ser angustiante e passa a ser desejado se a criança estiver habituada a usar competências para enfrentar, gerir e ultrapassar desafios. E as artes são o caldo de cultura ideal para obter essas mesmas competências.
A expressão artística é também uma forma competente de a criança revelar as suas aptidões e de ser avaliada. Em paralelo, é à arte que grande parte dos terapeutas vão buscar recursos para auxiliar crianças que apresentam dificuldades e patologias ou que são vítimas de traumas.
Reconhecimento global
O cientista português António Damásio – reconhecido em todo o mundo pelo seu trabalho inovador no campo do cérebro e das emoções humanas – é um dos grandes defensores das artes enquanto caminho de desenvolvimento pessoal. “A Ciência e a Matemática são muito importantes, mas a Arte e as Humanidades são imprescindíveis à imaginação e ao pensamento intuitivo que estão por trás do que é novo”, considera.
A importância do ensino artístico é de tal forma patente que está reconhecida pela UNESCO, que considera as artes como imprescindíveis não só para as crianças como para as sociedades no seu todo.
De acordo com esta instituição das Nações Unidas, e Educação Artística é “um meio privilegiado para a compreensão e preservação de culturas”. É por isso recomendado a governantes, escolas, professores, famílias e pais que “transmitam os valores estéticos e identidade cultural através do ensino artístico para promover uma sustentabilidade social pacífica e o desenvolvimento de identidades pessoais”.
Maria C Rodrigues
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