A lei aprovada em França alega que os cérebros dos bebés podem ser mais sensíveis à emissão constante de radiação eletromagnética do sistema Wi-Fi, embora os estudos ainda não sejam conclusivos. A International Comission on Non-Ionizing Radiation Protection (ICNIRP) considera esta radiação segura. «Foi feito um grande número de estudos sobre os efeitos, imediatos e a longo prazo, da exposição a altas frequências, como Wi-Fi, sem que tenha mostrado evidência conclusiva de efeitos adversos na saúde», lê-se no site da organização.
Estas diretrizes, contudo, datam de 1998 e estão em processo de revisão, aguardando-se novas orientações. A Comissão Internacional para a Segurança Eletromagnética defende limites de segurança mais apertados para grávidas, bebés e idosos. Por seu lado, a Agência Ambiental Europeia e a Comissão de Saúde Pública e Segurança Alimentar do Parlamento Europeu consideram os limites atuais da ICNIRP obsoletos e defendem maiores precauções até que se tirem conclusões mais atualizadas.
Entretanto, Itália, Suíça e Israel estabeleceram limites de exposição mais reduzidos nas escolas, assim como algumas escolas no Canadá e Inglaterra. Sofia Nunes, neuro-oncologista pediátrica do Instituto Português de Oncologia de Lisboa, explica por que é que as crianças estão mais vulneráveis. «Tem sido documentado que as crianças (e os fetos) estão mais expostos aos eventuais efeitos deletérios das radiações sobre o cérebro e a medula óssea, por exemplo, porque a quantidade absorvida é superior à dos adultos», refere.
«Isto acontece porque os tecidos que envolvem estes órgãos (a pele e o osso) são mais permeáveis nesta faixa etária, no entanto, não está documentado o aumento do risco de tumores cerebrais. Outro impacto nocivo estudado remete para os efeitos no desenvolvimento cerebral, que podem condicionar defeitos de memória e perturbação de comportamento (hiperatividade), mas só há estudos em ratinhos», esclarece ainda.
O que fazer em casa?
Os pais que se preocupam devem minimizar ao máximo a exposição das crianças ao Wi-Fi. «As precauções devem reger-se pelo bom senso, como, por exemplo, limitar o uso destes aparelhos ao que é necessário e útil para o quotidiano. As crianças mais novas não devem usar telemóveis por longos períodos, nomeadamente para atividades de lazer (jogos)», aconselha a especialista.
Texto: Bárbara Bettencourt com Sofia Nunes (neuro-oncologista pediátrica do IPO, Instituto Português de Oncologia de Lisboa)
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