O sonambulismo infantil, muitas vezes menosprezado, faz parte dos fenómenos que ocorrem durante o sono da criança e que o afetam mesmo sem o interromper. Na sua obra "O livro da criança", publicada pela editora A Esfera dos Livros, o pediatra Mário Cordeiro define-o como "semi-acordar e andar". De acordo com o reputado especialista, esse estado pode corresponder a fases de transição de ritmo de sono e a sonhos.
Geralmente, e apesar de variar de pessoa para pessoa, as manifestações de sonambulismo ocorrem cerca de duas horas após o início do sono. Existem, contudo, estratégias de prevenção a que pode recorrer para aprender a lidar com o problema. Segundo a American Academy of Pediatrics, o sonambulismo infantil afeta sobretudo rapazes e, num reduzido número de crianças, os episódios ocorrem várias vezes por semana.
As crianças com antecedentes familiares de distúrbios do sono também correm maior risco de sofrer de sonambulismo. O cansaço e o stresse são outros fatores que podem afetar o padrão de sono infantil, pelo que educar a criança para ter um ritmo de vida equilibrado pode beneficiar a prevenção deste problema. Um desafio para os pais. Definir um horário regular de sono é, sem dúvida, uma das estratégias a adotar.
Como se manifesta
O sonambulismo está associado a muitos movimentos na cama, ao falar durante a noite e à deambulação. Os olhos podem estar abertos, mas o olhar está vazio. Para além disso, há possibilidade de a criança realizar outras atividades, como tentar abrir uma porta. Os episódios de sonambulismo duram cerca de cinco a 20 minutos e não é aconselhável acordar a criança. Na manhã seguinte, ela não se recordará do sucedido.
Os cuidados que deve ter
Como alertam muitos especialistas, nacionais e internacionais, o sonambulismo não é isento de riscos e, por essa razão, devem ser tomadas algumas medidas essenciais para prevenir acidentes. Mário Cordeiro aconselha, no "Livro da criança", a adotar uma série de comportamentos que podem minimizar os impactos do problema. Estes são os principais cuidados que deve ter:
- Ter uma luz de presença nos corredores.
- Se a criança dormir num beliche, deverá ocupar sempre a cama de baixo.
- Arrumar o quarto de forma a evitar que a criança tropece ou se magoe.
- Proteger as escadas e fechar janelas e portas à chave ou com limitadores de abertura.
- Reencaminhar a criança para a cama, orientando o seu percurso, sem falar ou dizendo o mínimo possível, de forma a que não se assuste ou acorde.
Quando recorrer à ajuda médica
À medida que a criança cresce, com o desenvolvimento do sistema nervoso, normalmente os episódios de sonambulismo tendem a desaparecer. Caso se tornem recorrentes, o melhor será procurar ajuda especializada. Como adverte Mário Cordeiro, "se piorar ou estiver a causar grande stresse familiar, é importante falar com o médico-assistente na hipótese de consultar um psicólogo", sugere mesmo o pediatra português.
Texto: Fabiana Bravo
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