Há crianças que gostam de comer e de provar alimentos novos. E há crianças cujo apetite é verdadeiramente devorador. Para estas crianças o risco de obesidade aumenta exponencialmente. Do ponto de vista do desenvolvimento psicomotor da criança, é importante variar a alimentação, pois é uma forma de estimular a descoberta de novos alimentos. Uma criança que seja ensinada a descobrir coisas novas, generalizará esse gosto para os diversos campos da sua vida futura. «Uma criança que goste de comer não significa que seja comilona», explica Ana Serrão Neto, pediatra coordenadora do Centro da Criança do Hospital Cuf Descobertas, em Lisboa.

«Mas as crianças comilonas, que não param de comer senão quando estão empanturradas, têm maior risco de obesidade», refere ainda a especialista. «Estas crianças habituam-se a só sentirem saciedade, ou seja, a só deixarem de ter fome, quando têm o estômago muito cheio. É o mito de estômago dilatado, mas a verdade é que só param de comer no limite», adianta a médica. Um hábito que pode ser compulsivo e pode perpetuar-se, pelo que haverá risco de obesidade. Uma situação que exige um acompanhamento familiar vigilante e atento.

«Os pais devem, por isso, estimular, desde o primeiro ano de vida, uma alimentação diversificada, mas não a ingestão de quantidades exageradas de comida. É importante que se coma bem, mas em quantidades moderadas», sublinha a pediatra que alerta para o facto de na idade escolar muitas crianças não gostarem da alimentação da escola e ao jantar comerem exageradamente. «É a pior hora do dia para exagerar, pois a seguir ao jantar as crianças deitam-se, sem gastarem as calorias ingeridas». Fica o alerta de que, efetivamente, gordura não é formosura.