Vivemos com pressa, sem tempo para nada nem, muitas vezes, para ninguém. No entanto, as crianças não podem ficar reféns desse turbilhão, pois precisam de tempo de reflexão, de tempo para elas próprias. A escola é importante, até porque é onde passam a maior parte do dia, mas não substitui os pais. E a educação envolve amor, carinho, disciplina, limites e valores.

O contacto com diferentes crenças e religiões é fundamental na construção da personalidade e carácter do ser humano e, por isso, faz sentido pensar um pouco sobre este assunto. Assim, tentei sistematizar algumas das vantagens e desafios de integrar a espiritualidade na educação das crianças.

VANTAGENS

Boa hierarquia de valores
Princípios como a compaixão, a entreajuda, a igualdade e o Bem são um ótimo fio condutor. Se as crianças os virem ser aplicados pelos adultos é, sem dúvida, um bom modelo de vida, independentemente da religião.

Partilha de interesses
É sempre bom que haja interesses comuns na família. É ótimo que os pais se envolvam nas atividades dos filhos. E a religião pode, efetivamente, ser algo que une pessoas diferentes, pois acaba por ser uma fonte de interesses comuns.

Regras de convivência
Quem pratica determinada religião sabe que há regras de convivência nos espaços religiosos, modos de vestir específicos e “obrigatoriedades” relacionadas com determinados rituais. Ninguém duvida que as crianças precisam de regras para se sentirem seguras e é importante ensinar que os comportamentos são diferentes consoante os contextos. Desde que não haja radicalismos, pode ser positivo.

DIFICULDADES

Rigidez
Apesar das regras, há situações em que é preciso alguma flexibilidade, principalmente quando estão envolvidas crianças. Um olhar de reprovação quando uma criança pequena faz barulho numa cerimónia religiosa é, na minha opinião, algo completamente evitável, a não ser que ela esteja a ser mal educada ou a perturbar propositadamente. Mas, infelizmente, é algo que acontece com frequência e acaba por afastar as crianças desses cenários.

Dificuldade em lidar com as dúvidas dos filhos
É preciso perceber que o sobrenatural levanta dúvidas e as crianças são naturalmente curiosas. Os pais devem estar preparados para as questões dos filhos particularmente quando envolvem algo que não conseguem observar diretamente.

Não praticar o que se recomenda
Esta é, provavelmente, a maior dificuldade para quem é religioso. É impossível viver uma vida sem ir contra alguns dos (bons) princípios que as religiões defendem, mesmo que seja apenas pontualmente. No entanto, é importante aproveitar esses momentos para esclarecer as crianças de que, quando se erra, é possível mostrar arrependimento e fazer melhor na próxima oportunidade. Só assim se consegue manter vivo aquilo em que se acredita e ensinar que o caminho nem sempre é fácil.

Se os pais têm algum tipo de crença, faz sentido que a transmitam aos filhos, de forma natural. Mais tarde, serão os filhos a perceber se lhes faz sentido na vida ou não. No entanto, mesmo que decidam não seguir esse caminho, geralmente os princípios e os bons valores permanecem e isso é o mais importante.
Independentemente da religião de cada pessoa, é imprescindível que as nossas crianças aprendam a ser tolerantes e a respeitar a diferença. Não faz sentido pensar de outra forma numa sociedade tão diversificada como a nossa. Não é preciso gostar de tudo e concordar com tudo, mas é fundamental respeitar quem pensa de forma diferente...

CONSULTÓRIO
[Rosa Ferreira]

1. Sou mãe de primeira viagem e a minha filha vai fazer seis meses.
Estou com dúvidas sobre a vacina da meningite. Será que devo dar ou não?
Resposta:
Penso que se está a referir à vacina contra o meningococo B. Se for essa, penso que deve ponderar dar se tiver possibilidade. Trata-se da única forma de prevenir este tipo de meningite que, apesar de não ser muito frequente, pode ser bastante grave, com uma taxa de mortalidade e uma probabilidade de deixar sequelas muito significativas. A Sociedade Portuguesa de Pediatria recomenda a administração.

2. Até agora está a leite materno mas quero introduzir a sopa. Quais os alimentos que devo introduzir primeiro? Posso começar a dar fruta ou tenho que esperar até se adaptar à sopa?
Resposta:
As primeiras sopas não devem ter um sabor muito forte, pelo que é boa ideia começar com batata e cenoura (embora possa também começar com um terceiro legume, como, por exemplo, alface ou cebola). Depois pode ir introduzindo um novo legume a cada 3-4 dias, até perfazer um total de cerca de 5 legumes. Quanto à fruta, pode começar a partir do momento em que sentir que a sua filha já está adaptada ao sabor da sopa, o que geralmente acontece ao fim de 3-4 dias.

Texto do pediatra Hugo Rodrigues

blogpediatriaparatodos.blogspot.pt

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