A aprendizagem da leitura sempre foi vista como uma das tarefas escolares mais difíceis a ser adquirida, daí que muitos pais e profissionais da educação fiquem apreensivos com esse momento, pois têm consciência que essa competência poderá comprometer as restantes áreas curriculares, assim como, as rotinas diárias que dela dependem.

Contudo, as primeiras intervenções na aprendizagem da leitura não se iniciam com a entrada na escolarização mas sim nos primeiros anos de vida da criança, quando os pais cantam, usam livros com texturas/tecidos, mostram imagens, inventam personagens e leem pequenas histórias, nas quais a criança irá questionar sobre o que viu ou ouviu, desenvolvendo a sua capacidade de compreensão e interpretação. Desta forma, de modo inconsciente, os progenitores poderão estar a desenvolver, na criança, um comportamento leitor. Para além destes momentos serem algo que são considerados divertidos, estas situações permitem que as crianças saibam a forma de como as palavras escritas soam quando verbalizadas, em função à expressividade que lhe é atribuída.

É imprescindível que a criança tenha os pré-requisitos, derivados da sua vivência, acima mencionada. O processo de alfabetização deverá ser criativo e espaçado (desde que não comprometa a aquisição de novos conteúdos) no sentido de conseguir-se a consolidação das aquisições em vigor.

Existem diversos métodos de ensino: fonético-sintético que fundamenta-se no estudo de elementos mais simples (sons, grafemas, sílabas) para chegar às estruturas mais complexas (palavras, frases ou textos); e global partindo de geral para o particular, ou seja, de palavras ou frases que através de um trabalho de análisea criança vai decompondo até chegar aos seus elementos mais simples (sílabas e fonemas). Este modelo é influenciado por antecipações baseadas em palavras conhecidas.

Não existindo nenhuma metodologia que é considerada a mais adequada ou eficaz, a que é mais utilizada pelos docentes, com base em estudos realizados, é o modelo interativo ou misto, conhecido por “analítico-sintético”. Nunca se deverá aplicar um único método de “forma exclusiva” ou “rígida”, até porque está comprovado que o mais importante são as estratégias que se utilizam com o intuito de tornar a aprendizagem da leitura mais eficiente, face aos alunos.

Deste modo, a grande maioria dos docentes antes de recorrerem às letras, trabalham a diferenciação entre frases, palavras, sílabas e sons; e posteriormente a discriminação auditiva que permitirá realizar uma correta associação do grafema/fonema. De seguida, o ensino concreto das letras do alfabeto seguindo uma ordem desde as que correspondência a um único fonema até às que apresentam mais do que um, sendo que algumas fazem parte dos casos especiais de leitura.

No ensino dos sons a criança associará os que já domina aos grafemas que aprendeu, sendo necessário salientar que algumas letras podem ser pronunciadas de modo diferente, ou seja terem mais do que um som e que manipulando os mesmos podem formar diferentes frases – consciência fonológica.

Por fim, dever-se-á ensinar palavras curtas e com significado para a criança, sendo que à medida que as dificuldades diminuam as tarefas também ficarão mais complexas e exigentes.

Ler não é descodificar ou decifrar, ler é essencialmente obter o significado.

De realçar que as crianças aprendem por modelagem, pelo exemplo. Assim sendo, para que exista literacia é importante que, em casa, a leitura seja considerada um hábito, um momento de lazer do qual os pais desfrutam também (independentemente de ser livros, jornais, revistas, …). Quanto mais familiarizada estiver a criança com esta competência mais orientada estará para a maximizar, pois aprende-se a ler lendo.

Tânia Capaztania.capaz@pin.com.pt

Professora de Educação Especial

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