Se, antes, os danos irreversíveis a nível auditivo aconteciam devido a traumatismos resultantes de atividades profissionais (como o ruído das fábricas), agora estes problemas têm origem na poluição sonora, resultante do som elevadíssimo das discotecas ou da constante utilização de aparelhos como os leitores de mp3, que cada vez mais pais oferecem aos filhos.

Esta exposição exagerada ao ruído está a evoluir para problemas que, a longo prazo, se tornarão irreversíveis. Como alerta o otorrinolaringologista Carlos González, «ao contrário de muitos outros tipos de deficiência auditiva, estas lesões são irreversíveis», sublinha.

Desgaste natural

Com a idade, «as células do ouvido começam a envelhecer e perdem-se capacidades auditivas, existindo muitas vezes dificuldade em discriminar os sons. É a chamada presbiacusia», revela o especialista, segundo o qual, nestes casos, «os tratamentos visam estacionar ou pelo menos retardar o processo».

Prevenção é, por isso, a grande palavra de ordem, sobretudo para evitar tratamentos mais complexos mais tarde. Um dos procedimentos frequentemente adotados é a utilização de prótese auditiva.

É muito importante que haja um acompanhamento nesta faixa etária já que, por vezes, os idosos resignam-se, acabando por se isolar e sofrer de alterações de humor, sendo que, reforça Carlos González, existe, «de facto, possibilidade de lhes proporcionar uma grande melhoria na qualidade de vida». Afinal, na maior parte das situações, a surdez já não é um drama sem solução.

Sinais de alarme na infância

Se a deficiência não for detetada a tempo, podem haver alterações no desenvolvimento da linguagem e rendimento escolar. Esteja atenta ao seu filho:

- Nos primeiros meses de vida os bebés começam a distinguir sons. Se a criança não reage em direção aos ruídos que ouve convém estar alerta.

- Nos mais crescidos, alguns fatores podem indiciar deficiências na audição. O facto de ouvirem a televisão com o som muito alto ou estando muito próximas do aparelho, de responderem apenas quando as pessoas falam à sua frente, ou só reagirem a sons que conseguem ver.

- Se a criança está a «ter um baixo rendimento na escola ou dificuldades de concentração», descreve Carlos Gonzalez, convém consultar um especialista.

Texto: Joana Marques