Os números são surpreendentes. De acordo com várias estatísticas internacionais, um bebé típico europeu faz xixi na fralda de 75 em 75 minutos, deixando entre três ou quatro vezes em cada suporte, de cada vez, uma quantidade de líquido que se situa entre os 60 e os 75 ml.

Em média, nunca produz menos de 150 ml de urina por fralda, um valor que chega a atingir os 220 ml durante a noite. Dados internacionais referem ainda que os pais mudam as fraldas às crianças de quatro em quatro ou de cinco em cinco horas durante o dia. À noite, os bebés chegam a passar 12 horas com a mesma fralda, uma situação que pode prejudicar a pele sensível da criança. Estes e outros números do género estão no topo das preocupações das equipas de cientistas internacionais que laboratorialmente desenvolvem produtos de higiene íntima para bebés.

«Há alguns que fazem xixi 10 vezes por noite e uma fralda tem de estar preparada para suportar essa quantidade de líquido sem verter e sem prejudicar a pele da criança», refere Frank Wiesemann, cientista principal, chefe do centro de pesquisa das marcas Dodot e Pampers em Schwalbach, nos arredores de Francoforte, na Alemanha, o segundo mais importante do mundo nesta área, onde a Saber Viver esteve a convite da marca.

Como os mais pequenos não se podem manifestar em relação às fraldas que usam, os especialistas acabam por ter de fazer medições constantes para obter dados que lhes permitam inovar e melhorar o produto porque, à medida que a criança vai crescendo, vai tendo uma maior mobilidade, que obriga também a elásticos de fixação e a absorvedores de urina mais eficazes. «Os bebés até aos cinco meses mexem-se pouco. As fraldas não precisam de ser tão resistentes», sublinha o responsável.

As avaliações que são feitas

Para conseguir obter essa informação de uma forma mais realista e fidedigna, o laboratório criou um programa a que muitos pais da região alemã se candidatam. Em troca de fraldas e do pagamento das despesas de deslocação, os pais levam os filhos ao centro, onde chegam a passar a noite, para que as fraldas, depois de sujas, possam ser analisadas, tal como a pele dos bebés, para avaliar se as fibras e os materiais usados podem ser melhorados ou se já protegem a pele dos petizes da acidez do pH da urina o suficiente.

Semanalmente, no dia acordado, entre 300 a 400 famílias dirigem-se às instalações do centro de pesquisa para levantar as fraldas. Os pacotes distribuídos contêm mais de 4.000 fraldas, o que atesta bem da importância que os investigadores atribuem a esta missão. «Só os testes com os bebés e com os pais nos permitem obter uma compreensão verdadeiramente realista da performance do produto», justifica Frank Wiesemann.

A fama do centro de pesquisa da Dodot, que em muitos mercados europeus é comercializada com o nome de Pampers, é de tal maneira grande que muitos pais inscrevem os filhos no programa muito antes de eles nascerem.

 

E há lista de espera! «As preocupações dos pais em relação às fraldas são diferentes. Uns preocupam-se mais com a saúde da pele do bebé, outros com o conforto para a criança e também há aqueles para quem a capacidade de absorção da fralda é que é fundamental», assegura o cientista.

Antes de um novo modelo de fraldas chegar ao mercado, como sucedeu com as novas Dodot Camada Extra Seco, uma das novidades da marca para 2014, que se destaca pela exclusiva camada extra seca que mantém a pele do rabo do bebé seca até 12 horas, sendo por isso ideais para a noite, é submetido a inúmeros testes, numa primeira fase apenas em laboratório.

 

«Só depois de todos componentes da fralda serem validados pelos nossos toxicologistas é que avançamos para o fabrico dos protótipos que iremos posteriormente testar nos bebés», assegura Ioannis Hatzopoulos, responsável pela comunicação das duas marcas na Europa.

 

Testes laboratoriais com mel e champô

 

À elaboração dos protótipos, segue-se a avaliação da performance técnica do produto, no que se refere à absorção, à resistência e ao conforto, um processo que antecede a fase dos testes clínicos e dos chamados testes de compreensão do consumidor. Semanalmente, nas salas com brinquedos e guloseimas para onde são levadas as crianças, são testados em permanência mais de 100 protótipos, um processo que envolve mais de 50 famílias.

 

«Muitas ideias morrem antes de chegar ao mercado», admite, contudo, Ioannis Hatzopoulos. O combate a problemas como a chamada dermatite da fralda nunca deixa de estar no topo das preocupações da empresa. «Se a fralda absorver bem a humidade da urina, haverá menos probabilidade de acontecerem», sublinha.

«As nossas fraldas protegem de tal maneira bem as crianças que existem médicos que nunca viram crianças a sofrer desse problema», assegura mesmo o especialista alemão de origem grega. Apesar de já estar a desenvolver algum trabalho com bebés prematuros em hospitais, a empresa reconhece que esta é uma das áreas em que ainda não atingiu a sua maturidade plena, pelo que poderá também vir a investir mais nesta área, lançando modelos de fraldas adaptados.

Nos testes em laboratório, para simular a urina e as fezes das crianças ou até mesmo o próprio bebé, são usados produtos tão díspares como líquidos coloridos, champôs, ovos, balões, mel e Nutella. «Pode demorar um ano entre a primeira ideia e a chegada de um novo produto ao mercado», afirma Ioannis Hatzopoulos. «Já temos pessoas a trabalhar em projetos para 2015 e outras noutros que não estarão cá afora antes de 2015», revela.

 

Texto: Luis Batista Gonçalves