Nas crianças tudo é uma fase... ou tudo o que não tem cabimento em mais “gaveta” nenhuma é abarcado pela desculpa da fase.

Até agora, a fase mais complicada, a que mais me puxa pela capacidade de negociação, é a fase das birras. Uma fase que, teoricamente, começa por volta dos dois anos e vê o seu fim perto dos três e que, apesar de ela já ter feito quatro há quase dois meses, continua bem ativa.

O lado mau: há alturas em que o choro dela se assemelha a unhas afiadas num quadro de ardósia. O lado bom: aprendi (mesmo!) a negociar. Aprendi a ouvi-la, a acalmá-la e a ensinar-lhe que ela não ganha sempre e que a maternidade/paternidade não é uma democracia. Quem manda somos nós. E, mesmo quando cedemos, ela percebe que não cedemos porque ela quis, mas porque decidimos assim.

Uma das coisas que aprendi graças ao método tentativa-erro, foi a não comprar todas as guerras. Já deixei de lhe dizer que não só porque sim. Não faz sentido gerar discussão e fincar o pé por coisas pouco importantes. É assim tão mau que ela se suje a pintar um desenho? Não? Então sim, pode pintar sem eu me preocupar com as canetas. No fim resolve-se. É assim tão importante que ela não coma chocolates todos os dias? É. Então há alturas em que fica a chorar porque implorou por um e eu lho recusei.

Depois de ter dois filhos acredito piamente que estou capaz de gerir um exército. Eu e qualquer outra mãe. Porque nunca nada será tão complicado de levar adiante do que uma vida saudável com filhos cheios de... fases.

 

Lénia Rufino

Veja mais crónicas AQUI