O seu nome significa modéstia e tem origem persa. Coincidência ou não, encaixa bem no seu olhar rasgado a lembrar uma gata. É elegante, alta e delgada. Sharam Sharam Diniz é um dos rostos angolanos que anda a fazer história na moda internacional e é com ambição que deseja deixar a sua marca.

Saiu de Luanda quando tinha 18 anos. Agora sente que tudo acontece de forma muito rápida.

‘Em 2010, eu posso dizer que era uma menina normal: não viajava tanto e passava mais tempo em Inglaterra. No Verão estava por Lisboa a trabalhar e em Dezembro é que ia passar o Natal com a família a Angola’, conta Sharam. Contudo, nos dias que correm as coisas mudaram. Embora grande parte da família continue a viver em Angola, a modelo vive actualmente em Nova Iorque num apartamento com mais modelos.

Os vários trabalhos que vai fazendo pelas diferentes cidades tornaram-na numa cidadã do mundo. A passagem de Luanda para Leeds, no Norte de Inglaterra, foi um verdadeiro ‘choque térmico’, conta Sharam. ‘A minha língua materna é o português, eu tive que aprender inglês. A princípio eu quase que não falava, com vergonha, mas depois foi passando. Quando me mudei para Nova Iorque, em Janeiro deste ano, já não senti tanta diferença porque estava habituada ao sistema inglês.’

Sharam encara esta sua profissão de forma muito séria. Embora esteja a dividir o seu tempo em metades iguais, a modelo aproveitou o facto de a sua licenciatura (em Leeds) precisar de um estágio para terminar o seu curso e, assim, consegue conciliar os estudos em Gestão e Produção de eventos e a moda.

Costuma dizer que tem poucos mas muito bons amigos. E no mundo da moda as relações interpessoais acabam por ser um pouco complicadas porque ‘todos os meses há modelos a vir ou a ir’. Além disso, problemas como o racismo não deixaram ainda de ser um problema. Na opinião de Sharam: ‘Os EUA, que é um dos mercados principais nesta área, é muito diversificado em termos de raças e cores, e a gente não sente o racismo na pele porque há negros e asiáticos em qualquer esquina ou em qualquer montra.’

Os seus cuidados com a alimentação mudaram bastante ao longo do tempo. ‘Houve uma altura – de Dezembro de 2011 para Janeiro de 2012 – em que eu tinha que perder peso para poder participar no New York Fashion Week, então ou era aquilo ou era aquilo’, conta Sharam. ‘Eu pus na minha cabeça que não ia comer funge, nem feijão de óleo de palma porque era mais um ano perdido. Era mais um ano em que eu não poderia concretizar um dos meus sonhos. E não comi mesmo.’

É com muita vontade e de sorriso nos lábios que Sharam conta as peripécias que vai tendo na sua vida. É ambiciosa e lutadora e é com orgulho que o afirma. Os seus 21 anos são promissores e para o futuro só uma coisa é certa: continuar a trabalhar no mundo da moda.

@Eliana Silva