É cantora, dança como ninguém, compõe as suas próprias músicas, é fluente em pelo menos três línguas (entre elas o português), toca instrumentos, é empresária, filantropa, embaixadora de Boa Vontade da UNICEF, fez parte do júri em duas temporadas do “The Voice” americano, emprestou a sua voz no filme "Zootrópolis" e ainda tem tempo para ser mãe de Milan, com 4 anos, e Sacha, com 2, e companheira de Piqué, que curiosamente completa 30 anos no mesmo dia de aniversário da cantora.

Cansado de ler toda esta descrição? A verdade é que esta mulher dos sete ofícios pode ser conhecida pelas suas músicas e pelas suas coreografias mas Shakira é muito mais do que uma simples artista originária da Colômbia.

A carreira começou cedo, em 1990, com apenas 13 anos, ao gravar o seu primeiro álbum intitulado “Magia”, lançado no ano seguinte. Aos 15 anos, trocou Barranquilla por Bogotá e transformou-se em atriz. No entanto, foi na música que consolidou a sua carreira, quando o terceiro álbum, intitulado “Pies Descalzos” e lançado em 1996, a catapultou para a fama a nível internacional.

Este álbum foi de tal forma importante para a cantora que em 1997, com apenas 18 anos, criou a Fundação Pies Descalzos que tem como principal objetivo prestar assistência a crianças desfavorecidas. A rede de escolas que foi construída com o apoio da fundação foi eleita, em 2016, os estabelecimentos de ensino público com maior taxa de sucesso na Colômbia.

Há medida que a sua carreira ia ganhando cada vez mais reconhecimento, com a mudança de imagem e de estilo com “Laudry Service”, primeiro álbum que cantou em inglês, em 2001 também a sua influência e trabalho humanitário foram crescendo.

Numa entrevista ao jornal Independent, em 2014, Shakira explicou por que razão sente uma grande responsabilidade por representar o seu país.

"Eu sinto que tenho de usar a minha voz por aqueles que não têm uma. Tenho que fazer o melhor que posso no meu próprio trabalho para representar a minha cultura, representar as mulheres do meu país, da América Latina. O que nós representamos. Do que somos feitos. Sinto que há uma parte de mim que representa uma minoria nos EUA, uma minoria em todo o mundo. Pessoas que lutam, pessoas que querem ter sucesso com impulso e ambição", explicou.

E Shakira sabe bem o que implica ter tudo e começar do zero. Quando tinha nove anos, o negócio de joias do pai faliu atirando esta família de classe média para uma vida de dificuldades. No entanto, o percurso profissional da cantora prova que não é mulher de baixar os braços, conseguindo um contrato com uma produtora ainda na adolescência.

Em 2003 foi a primeira colombiana a ser nomeada Embaixadora de Boa Vontade da UNICEF e em 2006 fundou, em conjunto com outros artistas da América Latina, a Fundação ALAS (América Latina en Acción Social), parceria que mantém até hoje.

O seu compromisso com as crianças foi mais uma vez provado no discurso que fez recentemente em Davos, no Fórum Económico Mundial, onde foi homenageada pelo seu trabalho humanitário. "Os bebés de hoje em dia serão os responsáveis pelos negócios de amanhã. A sua capacidade de contribuição vai definir as sociedades de amanhã e vai ajudar a resolver os problemas que aí virão", afirmou.

Quando questionada sobre o seu papel nas várias causas que abraça, Shakira não esconde que a música serviu de plataforma para poder ajudar os outros.

“Eu sempre senti que tinha de fazer mais do que simplesmente cantar e dançar, eternamente, apesar de ser uma grande adrenalina. Mas eu preciso de mais na minha vida. E sinto que este trabalho que faço é a melhor maneira de me sentir realizada e é a forma que encontrei para dar sentido à minha vida”, concluiu.