Conan Osíris vai representar Portugal na próxima edição do Festival da Eurovisão e, para Carolina Torres, a escolha não podia ter sido mais acertada. “O país precisa muito de muitos Conan Osíris. Acho-o mesmo incrível, é muito inteligente, está só a fazer a cena dele”.
Em declarações ao Fama ao Minuto, a apresentadora confessou que se identifica com o autor de ‘Telemóveis’, na medida em que também deixou as raízes provincianas para rumar à cidade. “Ele representa aquilo que eu conheço bem, que são estas pessoas 'misfits' que vivem em Lisboa (normalmente) ou no centro do Porto. Eu saí de uma terra muito pequena e vim para cá precisamente porque também me sentia sempre desenquadrada. Acho que ele está a representar exatamente isso. Essas pessoas que só querem fazer a cena deles num sítio em que se sintam mais ou menos normais", explica.
A antiga concorrente dos ‘Ídolos’ vai mais longe e arrisca-se até a adivinhar o significado metafórico do tema que irá representar Portugal além-fronteiras: “A primeira vez que ouvi a música dele não entrou, mas depois pensei assim: ‘e se este gajo não estiver a falar de telemóveis? E se isto não for sobre telemóveis?’. Na verdade, nós apaixonámo-nos todos os dias ou travamos conhecimentos a partir do telemóvel. É a cena mais pessoal que podes fazer a uma pessoa. Permites-te apaixonar por uma coisa que está na tua mão. Começas a falar com uma rapaz ou uma rapariga e ela manda-te mensagens e tu começas a imaginar que aquela pessoa existe de uma determinada maneira e a única coisa que vos está a ligar são telemóveis".
Independentemente do verdadeiro significado da palavra 'telemóveis', na sua interpretação esta "significa outra coisa". "O que também gosto muito é que ele tem na música muitas influências e nós somos um povo de influências. Fomos conquistadores, descobrimos muitos países, trouxemos muitas coisas e vice-versa. Sinto que ele mistura muitas coisas. Canta como quem canta fado, mas era como o António Variações cantava, tem batidas meias africanas com algo meio indiano... Aquilo é muito mais interessante do que as pessoas pensam", acrescenta.
Na opinião da artista, será difícil ver Portugal a vencer novamente o concurso, “e ainda bem que não, porque no dia em que a Eurovisão tiver pronta para um Conan Osíris, já não vale muito a pena fazer parte da Eurovisão”. Ou seja, “ele vai para lá porque representa muito melhor o nosso país, com todo o respeito a toda agente, mas não podes ser só uma pessoa que canta muito bem. Tens de ter qualquer coisa para dizer e sinto que ele tem e isso é muito fixe”.
À margem da apresentação da primeira Wonder Photo Shop da Fujifilm, em Lisboa, na Worten do Centro Comercial Colombo, Carolina Torres falou também sobre os projetos que a têm mantido ocupada nos últimos tempos. “Estivemos agora a produzir três séries para a RTP Play. Tenho uns projetos meus e estou a fazer isto porque sinto que a televisão portuguesa está muito em baixo”.
Numa fase em que sente que deve "escolher melhor os projetos em que entra, ou as coisas que faz" - para que no fim do dia consiga sentir "aquele orgulho" e pensar: “eu fiz aquilo” -, a cantora considera que “a televisão portuguesa não tem que ser mudada”, mas afirma que “o que os canais têm que fazer é abrir este mundo mais digital e tentar perceber que as pessoas veem séries". "Portugal vê séries, e só não vemos séries portuguesas porque não há. Somos um povo inteligente que não gosta de ver só novelas. Havemos de provar que a nossa ficção pode ser tão boa ou melhor que a dos espanhóis ou americanos, quem sabe”, rematou.
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