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Diogo Morgado integra o elenco da nova novela da TVI, 'A Protegida', que estreou na segunda-feira, dia 17 de fevereiro, e conversou com o Fama ao Minuto no dia do lançamento da trama.
Além de ter falado sobre a personagem, Virgílio, não deixou de partilhar a sua opinião sobre a evolução das novelas que, mesmo do "ponto de vista técnico", hoje em dia é diferente, comparando com o início da sua carreira.
Diogo Morgado acredita que o espetador "evoluiu" - não só a camada mais jovem como também as pessoas mais velhas.
Além disso, confessou que o papel de realizador de novelas ou séries não é a sua ambição, pois a "aspiração é continuar, enquanto puder, no formato de filmes".
Começo por perguntar-lhe sobre a sua personagem, o que nos pode contar?
O Virgílio Cruz é um tipo que está nesta família Vilalobos um bocadinho em satélite, porque ele era irmão do falecido marido da Laura (que é a Alexandra Lencastre). É alguém que começou a trabalhar nesta família e foi por lá ficando, apesar de os laços de sangue não serem diretos. Ele está ali quase numa mistura de conveniência e família de afinidade. Um tipo super prestável, cordial, simpático… Assim que o pano fecha, que ninguém está a ver, percebe-se que é um tipo desequilibrado, que não é bem intencionado, que roça alguns distúrbios psicológicos. Isso reflete-se das mais variadas formas, como ele se dá (ou não) com as pessoas, tanto do ponto de vista amoroso, pessoal, como, inclusive, o seu relacionamento com estupefacientes, esquemas complicados…
E quais as particularidades desta personagem que mais o desafiou?
A instabilidade. É um tipo incrivelmente instável.
Mesmo do ponto de vista técnico, o esforço é diferente, é muito mais exigente, menos formatado. Sinto essa diferença, e na escrita também
Mas porque é completamente diferente do Diogo ou porque nunca tinha interpretado uma personagem assim (com esta instabilidade de que fala)?
Acabamos sempre por tocar zonas que são comuns a todos os seres humanos. Agora, o que as distingue é aquilo que está à volta, a forma como eles estão inseridos num contexto. A família do Virgílio, a forma como ele foi criado… Depois pode ou não manifestar-se esse desequilíbrio. Ou seja, já trabalhei outras personagens que também têm algum tipo de distúrbio ou desequilíbrio. O que torna esta personagem única é o contexto em que está inserido e o propósito a que se destine.
Acho que o público evoluiu, não tem a ver só com as pessoas mais novas. A informação, o facto de vivermos num mundo globalizado fez com que até as pessoas mais velhas se adaptassem
As novelas têm vindo a mudar o seu conceito, até para conseguirem, também, agarrar o público mais jovem. Enquanto ator sente essa mudança?
Sim! Quando comecei a trabalhar aos 15 anos o formato de novela, mesmo do ponto de vista técnico, eram três câmaras estacionárias e os planos eram aquilo. Neste momento temos décors que são fechados, ou seja, entramos por portas e não por boca de cena, e as câmaras vão para dentro dos décors. Portanto, movimentam-se connosco numa linguagem que é muito mais próxima do que se apresenta nos streamings, e nas séries… Mesmo do ponto de vista técnico, o esforço é diferente, é muito mais exigente, menos formatado. Sinto essa diferença, e na escrita também. A minha personagem, por exemplo, se calhar há dez anos não seria possível escrever-se. Ter-se-ia medo que as pessoas não percebessem.
A minha aspiração é continuar, enquanto puder, no formato de filmes
Também tem de se adaptar mais à atualidade/realidade vivida…
Acho que o público evoluiu, não tem a ver só com as pessoas mais novas. A informação, o facto de vivermos num mundo globalizado fez com que até as pessoas mais velhas se adaptassem - sabem mexer em telemóveis, sabem procurar no YouTube... É um bocadinho redutor dizermos que é por causa das pessoas mais novas e que as mais velhas pensam de outra maneira. Não acho que seja assim. Hoje até as pessoas mais velhas são diferentes do que eram há 20 anos. Da mesma forma que nós, mais novos, temos acesso a uma série de informação, série de ficção, muita coisa, as pessoas mais velhas também.
Já experienciou o outro lado das câmaras no cinema, mas alguma vez ponderou fazê-lo no entretenimento televisivo - nesta caso em novelas?
Não! No limite, poderia fazer uma coisa quase a título de experiência/brincadeira, mas não é uma aspiração minha realizar telenovela. Até porque, como espetador, os formatos de longa duração, séries, por exemplo, prefiro a sétima arte (filmes). A minha aspiração é continuar, enquanto puder, no formato de filmes.
Vamos ser honestos, ela não é atriz. Ela fez uma 'self-tape' em que foi incrível, portanto, conquistou o lugar dela
Está quase a chegar o seu novo filme, 'Lugar dos Sonhos', escrito e realizado pelo Diogo e protagonizado por Carlos Areia, com estreia marcada para dia 17 de abril... O que mais nos pode contar sobre este novo projeto?
Já saíram algumas notícias, não vou dizer nada que não seja já conhecido, mas o protagonista é o Carlos Areia, vamos ter aqui a Áurea a representar - que acho que é um pormenor interessante porque foi uma aposta minha. Vi uma entrevista - há muitos anos - em que ela dizia que antes de sequer sonhar em cantar, o sonho dela era representar. Fiquei com aquilo gravado e quando escrevi esta personagem achei que seria interessante desafiá-la.
Escreveu já a pensar na Áurea?
Escrevi com ela em mente. Não me queria dececionar, porque podia correr o risco de depois não querer ou não conseguir fazer, ou até de não servir para o papel (vamos ser honestos, ela não é atriz). Ela fez uma 'self-tape' em que foi incrível, portanto, conquistou o lugar dela.
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Descrição da personagem de Diogo Morgado em 'A Protegida', Virgílio Cruz:
"Virgílio é o Diretor financeiro da Café Vilalobos. É circunspecto, austero, metódico e calculista, emana poder, é temido pelos outros, inteligente, culto e sofisticado. O irmão mais novo, Carlos, teve alguns problemas de saúde no início de vida e foi superprotegido. Por este motivo, Virgílio cresceu a sentir-se preterido, sentiu falta de atenção dos pais e viveu sempre na sombra do irmão. Após a juventude, marcada pelo abuso de drogas e conflitos familiares, recupera e torna-se um profissional rigoroso, mas continua a ser julgado pelo passado. Sente-se injustiçado pelo irmão, que não o promove devido ao histórico com drogas. Em resposta, encomenda um ataque com o objetivo de o deixar debilitado e afastado da empresa. O serviço foi encomendado a Jorge, à época um trabalhador da fábrica que ajudou num momento de desespero. O plano não correu como previsto e Carlos acabou por morrer, uma culpa que carrega consigo até hoje e que divide com Jorge. A sua ambição e culpa levam-no a manipular situações para assumir o controlo da empresa. A dedicação ao trabalho não lhe dá espaço para relações amorosas duradouras, mas vai acabar por se apaixonar por Aruna."
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