Nuno Markl não imaginava que satisfazer um pedido do filho Pedro, de 4 anos, para desenhar “um cocó menina” pudesse ser motivo suficiente para lhe bloquearem o Facebook durante doze horas. 

“Papá, faz um cocó a sair do rabo. Mas um cocó bonito. Sabes fazer um cocó menina?”, pediu o pequeno Pedro ao pai. 

Markl, que tem muito jeito para o desenho, satisfez o desejo do miúdo, colocou o boneco no Facebook mas acabou por ofender certas almas mais sensíveis, como ele próprio viria a revelar horas mais tarde:

“Alguém apresentou, com sucesso, uma queixa ao Facebook por causa do meu desenho do ‘cocó menina’ imaginado pelo meu filho Pedro, de 4 anos, e desenhado por mim. O desenho foi censurado por não estar de acordo com ‘as políticas’ desta rede social e fui bloqueado 12 horas. O desenho de um cocó pestanudo. Ao bufo ou à bufa que fez a denúncia digo apenas: ... eh pá, a sério? A sua vida é mesmo assim tão triste?”, indignou-se Nuno Markl.

O humorista deixou também uma crítica aos responsáveis da rede social: “Aos responsáveis do Facebook - e há um departamento em Portugal que provavelmente lerá isto e percebe o que digo - digo apenas o seguinte: se as políticas do Facebook incluem uma alínea em que uma ideia infantil e inofensiva, uma brincadeira entre pai e filho, pode valer ao seu autor um bloqueio de 12 horas que envolve até o bloqueio da sua capacidade de enviar mensagens privadas, prejudicando desta forma o trabalho de quem usa esta rede social como ferramenta laboral, como eu uso, permitam-me que vos diga que o Facebook tem políticas de cocó, e daquela trampa mais feia, longe do ‘cocó menina’ idealizado pelo meu filho que gerou toda esta ridícula situação. (Agora expulsem-me de vez, se quiserem...)”.

Ao fim da manhã de hoje o humorista voltou ao seu mural para agradecer ao Facebook a atenção que deu ao seu caso: “Acredito sempre no triunfo do bem e faço a minha vénia de gratidão ao pessoal do Facebook, que admitiu a falha e devolveu o desenho original do cocó-menina ao meu mural. Obrigado pela vossa atenção e que este acontecimento possa ter contribuído para uma revisão das políticas de censura de conteúdo. Há muito conteúdo grave espalhado por esta rede social - violento, perverso, perigoso. Encontrar uma maneira de separar o trigo do joio impõe-se.”