Com uma carreira completamente consolidada no mundo da música, Nuno Guerreiro decidiu, há cerca de um ano, iniciar-se num hobby que agora ocupa uma boa parte do seu tempo.
O cantor, de 51 anos, participa há cerca de dois anos nas competições do Clube Português de Canicultura, sendo que para esta aventura conta com os seus quatro cães.
Ainda no final do passado mês de janeiro, Nuno viajou de Loulé, onde reside, até à capital do país, para participar na 2.ª Exposição Canina Nacional do PetFestival, evento que aconteceu entre os dias 26 e 28 na FIL (Feira Internacional de Lisboa).
Abordado pelo Fama ao Minuto para nos falar sobre esta nova paixão, Nuno começou por estranhar que, pela primeira vez na sua carreira, uma entrevista tivesse como tema principal um assunto que nada tem que ver com os palcos. Depois, deixou-se levar pelo entusiasmo e ao de cima veio o carinho que sente pelos seus patudos.
Há quanto tempo tem o Nuno este novo lado ligado às exposições caninas?
É algo recente [risos]. É apenas um hobby de que gosto muito e que pratico há cerca de dois anos. Como tenho uma adoração gigante pelos meus cães e pelos animais em geral, decidi aventurar-me.
Mas como é que o amor pelos amimais se transformou, de facto, neste hobby?
Quem gosta do mundo da canicultura começa a ficar atento ao Clube Português de Canicultura e a tudo o que se passa neste meio, então fiquei com alguma curiosidade sobre as exposições e tinha alguns amigos que já o faziam, por isso pensei: 'porque não?'. Ainda por cima tenho alguns exemplares muito bonitos e que têm qualidades muito especiais dentro das raças deles.
De que exemplares nos fala em concreto?
Tenho dois exemplares da nova raça portuguesa do Barrocal Algarvio, que é bastante recente. Apenas desde 2016 foi aceite oficialmente no Clube Portugês de Canicultura. Existem 11 raças portuguesas neste momento e a última, a mais recente, é o Cão do Barrocal Algarvio, que é aqui da minha zona, de Loulé. Faz todo o sentido, sendo um apaixonado por animais, ajudar na divulgação e na promoção da raça, participando em exposições também.
Um amigo meu, que é o presidente da associação dos amigos do Cão do Barrocal Algarvio, tem-me ajudado numa ótica de promoção. Esta é uma raça que está a dar os primeiros passos e ainda há muita gente que não a conhece.
As raças portuguesas de canicultura também fazem parte do nosso património e da nossa históriaQuantos cães tem o Nuno?
Tenho um Mini Bull Terrier e um Bulldog francês, que é meu e da minha mãe, e dois Cães Barrocais Algarvios, o Gringo e a Bela.
Quais são as características da raça Barrocal Algarvio?
É uma raça originariamente de caça. Já estiveram quase em extinção, mas algumas pessoas que já conheciam a raça agarraram nela e esta poderá vir a ser uma raça muito interessante no futuro. As raças portuguesas de canicultura também fazem parte do nosso património e da nossa história.
Quais são os critérios para avaliar um cão?
Obviamente conta a beleza, depois cada raça tem o seu standard [padrão] e dentro desse mesmo standard são avaliadas as características que cada cão tem. Existe um standard já definido para cada raça, com os pontos que são favoráveis e os pontos que podem ser desclassificativos. Tudo isso conta e depois o cão é avaliado por juízes especialistas.
Tenho um relacionamento muito especial com os meus cães, são os melhores amigos que podemos ter
O Nuno esteve presente na última edição do Petfestival, que aconteceu entre 26 e 28 de janeiro, e por lá participou numa exposição do Clube Português de Canicultura. Nos vídeos e imagens que publicou entretanto para estar muito orgulhoso dos seus cães...
Sim, sem dúvida. Tenho um relacionamento muito especial com os meus cães, são os melhores amigos que podemos ter e são animais pelos quais tenho muito respeito. A minha Bela foi o meu primeiro Barrocal Algarvio e chegou numa altura muito complicada, precisamente durante a pandemia. Veio para mim com dois meses e meio e foi tipo uma salvação. Foi muito importante para afastar os pensamentos menos bons numa altura em que tudo era uma incógnita. Foi uma prenda muito especial e aprendi a conhecer mais sobre a raça com ela. A Bela, como costumo dizer, salvou-me de pensamentos negativos e da ansiedade pela qual todos passámos na pandemia.
Os pensamentos negativos de que nos falam já desapareceram por completo?
Sim, acho que essa fase passou quando a pandemia passou. Agora já estamos todos a trabalhar, com saúde e felizes, a fazer aquilo de que gostamos. No meu caso, é cantar.
A nível profissional, está tudo pronto para o regresso do projeto Zeca Sempre, que homenageia o músico Zeca Afonso e que junta o Nuno a Olavo Bilac, Tozé Santos e Vitor Silva. O que nos pode adiantar?
Já há algum tempo que falávamos sobre voltar. Falávamos ao telefone, porque sempre fomos amigos uns dos outros, e havia a vontade, mas agora tínhamos uma razão especial, que são os 50 anos do 25 de abril. Ao falarmos com a editora resolvemos que também faria sentido reeditar em vinil o nosso disco, que foi lançado em 2010. Sairá em finais de março, princípios de abril.
Este é também um projeto especial no seio da música portuguesa...
É verdade, na altura tivemos bastante sucesso. Já temos alguns concertos marcados, vamos começar já em março e teremos mais marcações para breve. Vamos ver como corre.
Ainda sobre projetos especiais, nos últimos meses o tema 'Fim do Mundo', da Ala dos Namorados, tem sido ouvido diariamente pelo facto de servir de genérico para a novela 'Queridos Papás', da TVI. Acredito que quando uma música tem este destaque, o impacto acaba por ser notado nas abordagens na rua e nas redes sociais, confirma?
O 'Fim do Mundo' já era um êxito, mas agora é óbvio que, sendo ouvida todos os dias, também chegou às camadas mais novas. Às vezes vêm ter comigo e perguntam-me se sou eu quem canta aquela canção. [risos]
E quanto à Ala dos Namorados, recentemente tivemos um novo álbum, intitulado 'Brilhará'.
Sim, foi lançado apenas em formato digital. É um disco lindíssimo que conta com o João Gil de volta à Ala dos Namorados.
O Nuno considera que tem tido o reconhecimento devido?
Sim, senti isso principalmente nos primeiros 25 anos. Hoje em dia sou uma pessoa que gosta do reconhecimento mas que não gosta da exposição que o reconhecimento algumas vezes traz. É uma contradição que é uma consequência do sucesso. Quem me conhece sabe que eu sou muito pacífico, gosto muito do meu cantinho e do palco. Adoro cantar, mas gosto muito de estar na paz da vida que Deus me foi oferecendo ao longo dos anos. Sou muito agradecido, tenho uma vida porreira.
Foi, também, para conseguir ter essa tranquilidade que decidiu morar novamente em Loulé?
Voltei às minhas raízes. Sou louletano orgulhoso e por cá sou muito acarinhado. É uma cidade de muita cultura, onde as pessoas são muito porreiras. O Algarve é fantástico.
Que fase é esta em que se encontra o Nuno?
Estou numa fase tranquila, a fazer o que gosto. Hoje em dia posso dizer que faço a música de que gosto, nos projetos de que gosto. Chegar ao fim de 32 anos de carreira e poder fazer aquilo de que gosto é extraordinário.
Leia Também: "O meu trabalho nunca dependeu do 'colinho' das entidades"
Comentários