Marta Cruz era uma jovem de 18 anos, com uma promissora carreira de modelo, quando recebeu o telefonema que havia de mudar para sempre a sua vida. “Filha, o teu pai foi preso”, foram as palavras que ouviu da boca de sua mãe, Marluce.
A partir deste telefonema, que a deixou “sem chão”, Marta começou a viver um verdadeiro pesadelo, com Carlos Cruz a sofrer atrás das grades e a família a sofrer cá fora.
Agora, quase oito anos depois do início do processo Casa Pia, Marta Cruz decidiu contar o seu lado da história no livro “As Outras Vítimas”, que vai apresentar no próximo dia 18, em Lisboa.
Um testemunho dramático, com passagens como esta: “Em vários momentos pensei, e senti, que seria melhor o meu pai ter falecido do que estar a sofrer tudo isto. É claro que eu não queria que ele morresse, mas era tamanha a dor que ele estava a sentir, tão agoniantes os sentimentos que nos afligiam, que até essa solução parecia mais tranquilizante do que ter de passar pela humilhação pública a que estávamos submetidos” – recorda Marta Cruz.
Sem saber como lidar com uma situação para a qual não estava preparada, a jovem refugiou-se no álcool, transformando-o no “seu melhor companheiro” durante algum tempo.
No livro, Marta conta que após a libertação do pai, sentiu a necessidade de se afastar de tudo. Vendeu a casa e o carro e rumou ao Brasil, onde conheceu o bailarino Alexandre Gondim, com quem se casou e teve uma filha, Yasmin.
De regresso a Portugal e tentando dar alguma ordem ao caos em que a sua vida se transformou, Marta decidiu escrever “As Outras Vítimas”, para “mostrar a todos quem é o Carlos Cruz, como vivia e como esta mentira acaba com qualquer pessoa, independentemente dela fazer ou não parte do processo”.
Carlos Cruz assina o prefácio do livro, que contém, ainda, depoimentos de Raquel Rocheta, Marluce, Martim e Roberta (os irmãos mais velhos da jovem) e dos advogados de defesa do apresentador de televisão, Serra Lopes e Ricardo Sá Fernandes.
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