Há cinco anos que divide a vida com a atriz Marta Nunes e com a filha Salomé, de nove anos. Está a sair-se bem no papel de "pai"?
É o maior desafio da minha vida!

Ser pai biológico é um projeto por realizar?
Logo se vê…

Qual é o melhor programa para fazer em família?
Estar em família e com a família! Esse é o melhor programa.

Deu-lhe prazer vestir a pele do padre António, na novela Remédio Santo?
Soube bem mas soube a pouco. Acho que o papel podia ter sido mais explorado pelo autor da novela.

A sua biografia define-o como ator, autor, encenador e professor. Prefere especialmente alguma destas atividades?
Acima de tudo sou um actor! A escrita, a encenação ou os vinte anos de formador são uma consequência natural da minha índole artística.

Foi por acaso que entrou no Conservatório para fazer o curso de atores, mas no fim da primeira aula percebeu que tinha feito a escolha certa. O que o entusiasmou tanto?
Um grande mestre chamado João Mota, o actual director da Comuna Teatro de Pesquisa e recentemente nomeado director artístico do TNDMII. Foi o meu grande professor de uma escola que me ensinou muito do que eu hoje aplico e ensino.

Este ano editou o livro "Figuração Especial". O que o motivou a escrever este livro?
Demasiadas coincidências, sinergias e conjunturas difíceis de serem explicadas numa só resposta. Talvez a vontade que me persegue de fazer um teatro que conte histórias portuguesas para portugueses, destituídas de falsos preconceitos.

É impossível particularizar o seu curriculum com 15 filmes, duas dezenas de peças de teatro e quase 40 trabalhos televisivos. Há algum que tenha sido especial?
Todos eles. É de facto difícil distinguir um! Nunca me vou esquecer do meu primeiro exame no conservatório com o João Mota. O espectáculo chamava-se Menino Verde e o cartaz que já tem mais de vinte anos está afixado na minha sala…

Há muito anos que dá aulas de Expressão Dramática em várias escolas e universidades. O que é mais gratificante nesta experiência?
Para além de ser docente em duas universidades, dou formação em todo o país. Para mim representa estar em constante contacto com as sucessivas gerações que se vão formando.

Nasceu no Zimbabwe mas viveu em Itália até aos 15 anos. Ainda visita a sua mãe todos os anos?
A minha mãe agora vive no Brasil com o meu irmão. Vou a Itália todos os anos rever a família e os muitos amigos que já são todos quarentões como eu.

Tem dito inúmeras vezes que jamais sairá de Portugal. O que o conquistou definitivamente no nosso país?
O vinho, a paz, a luz, a simplicidade de um povo que encontra na nostalgia a sua essência de vida…

Qual é o seu maior sonho profissional? E pessoal?
Recentemente filmei em Espanha e no Brasil. Gostava de repetir esta experiência…

Deixou Lisboa para morar na Ericeira. O mar é inspirador?
Tudo na Ericeira é inspirador e agora Lisboa ainda sabe melhor.

Tem algum hobby relacionado com o mar?
O meu grande hobby é comer um belo robalo assado acabado de ser comprado no mercado da Ericeira.

Qual foi a viagem mais inesquecível da sua vida?
Todas elas. E já foram quase todos os continentes visitados…

O que lhe dá mais prazer na vida?
Estar sentado à mesa com os amigos do peito a conversar e a beber um bom alentejano. Ver os meus alunos inseridos no mercado de trabalho. Passear à beira mar de mãos dadas com a minha mulher. Ver a minha filha tocar no piano lá de casa a última peça que aprendeu de Bach. Passar uma noite a escrever a próxima peça que eu vou encenar. Eu sei lá…

Qual é a sua maior preocupação?
Um projecto europeu que está a autodestruir-se por causa da imbecilidade das novas gerações de políticos que infestam a nossa sociedade. E não estou a falar do governo português que apesar de algumas incongruências finalmente decidiu por o dedo na ferida deste nosso (pois já é meu também) jardim à beira mar plantado. Falo dos burocratas de uma certa Bruxelas que são os grandes mentores de uma demagogia social que nos vai arruinar a todos.

O que o motiva?
A minha filha, os meus alunos, a vontade de criar.

O que precisa para ser feliz?
Muito pouco…

Uma palavra que o defina?
Teimosia!

(Texto: Palmira Correia)