É uma vencedora! Olha-se para ela e percebe-se a atitude, postura e determinação de vencedora. Acaba de ser eleita a primeira Masterchef portuguesa e o prémio assenta-lhe na perfeição. Lígia Santos tem 32 anos, é engenheira civil, e vem de Vila Nova de Famalicão. Trabalha na Câmara Municipal de Famalicão e, apesar de gostar do que faz, quer mudar de profissão. Diz que, até agora, a sua vida foi sempre muito organizada, metódica e com um percurso muito certo. A cozinha é o único espaço que dá cor a essa rotina. Quando tinha quatro anos, punha-se num banquinho ao lado do pai a fazer pudim, e, aos oito anos, já comprava revistas de culinária. Sonha ser chef num negócio de turismo rural seu, com comida portuguesa reinventada. É casada e tem dois filhos, um com três anos e outro com sete meses.
No início não tinha a confiança necessária para acreditar que podia ser a primeira Masterchef de Portugal.
Quando me proponho a um desafio faço-o com uma entrega total e dando sempre o meu melhor.
Quando estamos a cozinhar para alguém é fundamental transmitir que o ato de cozinhar é especial e um momento de descontração e de criação únicos.
Ter a consciência de que a qualquer momento podia vir embora e não conseguir chegar até ao final.
Não é sustentável ganhar o Masterchef e abrir um restaurante. Ser dono de um restaurante vai muito mais além do que a paixão pela cozinha. É preciso ganhar muita experiência. Quando achar que tenho experiência suficiente para ter um restaurante vou investir no meu turismo em espaço rural que é um dos meus objetivos de longa data. Aí terei o meu restaurante.
A minha cozinha é quase inata. Acredito que nasceu comigo e foi-se desenvolvendo com a vontade de querer sempre fazer mais e melhor.
Lembro-me de fazer um pudim flan com o meu pai aos quatro anos.
Arroz cremoso de tamboril.
Sempre. A visita a um restaurante, além de ser um momento lúdico, é também um momento de desenvolvimento da minha cultura gastronómica.
Qualquer prato bem confecionado.
Já. Várias vezes.
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Dos que conheço, que são poucos comparativamente aos existentes, vão sendo sempre alterados à medida que vou experimentando novos sabores.
Que gostaram da minha participação. Que cozinho bem. E perguntam-me com quem aprendi? Como é que nasceu o gosto pela cozinha?
A visibilidade permite-me desenvolver alguns projetos relacionados com a gastronomia como o Club MasterCOOK - uma academia para juntar as pessoas em workshops divertidos de culinária, degustação/venda de produtos gourmet e promover e incentivar a prática de agricultura biológica, nem que seja numa varanda com ervas aromáticas.
Existe uma adaptação inevitável à exposição pública que tem que ser bem gerida.
Tenho a certeza que foi o click que me faltava para fazer o que realmente gosto.
Poucos são os tempos livres. Mas quando os tenho, gosto de cozinhar para a família e amigos e de me dedicar à agricultura biológica.
Um passeio pela natureza com passagem por um restaurante que ainda não tenha visitado.
Tento sempre incluí-los, e muitas vezes são mesmo o ponto de partida.
Fazer o que realmente gosto tendo sempre em consideração a sustentabilidade do que faço.
Provocar sentimentos de alegria, boa disposição e de confiança às pessoas com quem partilho as minhas criações culinárias.
Ser eu própria e ter confiança em mim.
Cozinha Confidencial, de Anthony Bordain.
O prazer no trabalho aperfeiçoa a obra – Aristóteles.
Sentir-me feliz.
(Texto: Palmira Correia)
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