A Associação SORRIR tem como missão promover e salientar a importância de sorrir para a saúde, não pela ausência de doença, mas enquanto bem-estar físico, mental e emocional.

O movimento O MAIOR SORRISO DO MUNDO nasce em 2013 para reforçar esta mensagem e representa alegria, amor, saúde e bem-estar.

Figuras públicas e empreendedores aderiram à causa e partilharam os seus testemunhos. Conheça a história de Laurinda Alves.

O quê é que a faz sorrir?

Laurinda Alves: As surpresas dos outros e da vida. O contacto com os outros. Quando entro num elevador, mesmo que não conheça as pessoas, sorrio sempre. Acho que o sorriso é a primeira e mais imediata forma de comunicação. Tenho uma inclinação natural para ser sensível ao sorriso dos outros. Há pessoas que nunca devolvem os sorrisos e isso pode magoar. Lembro-me de ouvir o Dalai Lama dizer, numa conferência de ensinamentos, em Lisboa, que sorri sempre para as pessoas e se não devolvem o sorriso, tenta outra vez. Se continuarem sem sorrir, então não insiste e desvia o olhar ou vira a cara. Sempre que não nos devolvem um sorriso, o nosso sorriso fica meio quebrado.

Qual a maior adversidade pela qual já passou?

Laurinda Alves: Perdas e mortes de pessoas muito queridas, que me fazem falta. Tenho vários amigos que morreram cedo demais. Há duas amigas que me fazem uma falta especial. Uma morreu no ano passado e a outra no ano anterior. São perdas recentes de amigas da minha idade com quem tive 30 anos de amizade e relação. São pessoas que não vão ver os seus filhos casar nem terem os seus próprios filhos, e fica para sempre essa ausência num futuro ao qual elas deviam pertencer.

Como é que se ultrapassa isso?

Laurinda Alves: Tentando aceitar e, se possível, dando um sentido a cada perda e crise. Sou crente e acho que as coisas não acabam aqui. Estas amigas de que falo mudaram a vida dos outros, eram pessoas extraordinárias, luminosas, inspiradoras. Tinham uma grande transparência na sua maneira de ser e de amar. Temos muitas saudades delas porque eram pessoas extraordinárias. Não ficaram melhores porque morreram cedo. Eram mesmo especiais.

É uma pessoa de fé.

Laurinda Alves: Sou uma pessoa de fé e tento aprofundar diariamente a minha relação e reforçar a minha intimidade com Deus. Olho para Deus como um Amigo que nunca desiste de mim, que está lá sempre, e com quem eu posso ter 'conversas' diárias, no silêncio do meu coração. Faço Exercícios Espirituais (os chamados retiros de silêncio) todos os anos há 20 anos,
Pertenço a uma CVX (grupo de oração de inspiração jesuítica) há 15 anos, e acabei de fazer os Exercícios Espirituais da Vida Quotidiana no ano de 2013 (implicam uma hora de oração por dia), mas tudo isto se resume a uma relação de proximidade e a um fio de conversa com um grande Amigo. O silêncio ajuda a permanecer mais inteiro na oração, menos dividido e fragmentado, mas rezar é acima de tudo estar e 'falar' com Deus sobre as nossas preocupações, dilemas, desafios, conquistas e perdas. Ter fé também é isto: relação, unidade e intimidade.

Que história contaria sobre si para inspirar as pessoas daqui a muitos anos?

Laurinda Alves: Eu gostava de ser lembrada como alguém que foi coerente. Gostava que a minha história se resumisse em: foi uma pessoa que pensou, sentiu e agiu em concordância. Hoje em dia tudo nos divide ou fragmenta, e muitas vezes acontece-nos sentir uma coisa, pensar outra e fazer ainda outra. Gostava que a coerência fosse a minha marca e que essa coerência se notasse na maneira como construí as minhas relações e eduquei o meu filho. Gostava de sentir (como sinto até agora) que não falhei na educação do meu filho.