Após ser questionada por um amigo sobre a razão de até aqui não se ter manifestado publicamente sobre a Jornada Mundial da Juventude, Catarina Furtado decidiu quebrar o silêncio e pronunciar-se na sua página de Instagram.

"[...] Sinto várias coisas quase contraditórias. Também pelo facto de sermos um estado laico e porque os escândalos sexuais não foram tratados como é urgente que sejam", começou por confessar.

"Há uns anos valentes fiz o filme 'Fátima' e numa cena em Arganil com figurantes que supostamente estavam a assistir a uma aparição, fiquei verdadeiramente tocada pela forma como eles genuinamente se comoveram. Não estavam a fingir quando era suposto", recordou.

"Políticas e dinheiros à parte, o que me deixa indignada por um lado e esperançosa por outro, tem exatamente a ver com o uso da fé. O bom uso ou o mau uso. A coerência do que se diz e pratica. Gosto do Papa e se o ouvirmos bem percebemos que uma das suas grandes qualidades é saber ouvir. Diz que todos, todos todos são bem vindos na igreja, as pessoas trans, os vulneráveis, os marginalizados, os refugiados. Diz que a extrema direita é perigosa e que se combate com justiça social", destacou.

"Entendo que são precisos mais passos na igreja no sentido da verdadeira inclusão mas o Papa Francisco promove, de facto, a união. No entanto, no meio destes um milhão de católicos, estão muitos que mancham a essência porque exercem a hipocrisia, a homofobia, a xenofobia, o moralismo e trabalham apenas para a sua mansão no céu", acrescentou.

"Por outro lado, da minha janela vejo os jovens de todo o mundo a passar, a cantar, a rir, a dançar e cresce em mim uma semente de esperança. Serei ingénua?", comentou.

"O Papa Star Francisco é inspirador mas não faz milagres. O que precisamos é de vontade humana em transformar este mundo num lugar humanista. Que não é! O que acreditamos e sentimos tem de bater certo com o que praticamos, com o que dizemos e com a realidade em que vivemos", realçou de seguida.

"Há muitos anos em Timor, entrevistei para os 'Príncipes do Nada' o Padre João de Deus (que já partiu) e perguntei-lhe: 'Neste país com tantas crianças que passam fome, que morrem cedo demais por falta de acesso a serviços de saúde, cujas mães têm cerca de seis filhos sem escolha, o que pensa sobre planeamento familiar e contraceção?'. A resposta: 'Como padre acho mal, como homem acho bem'", rematou.

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