"Houve muita preparação para isto. Foi provavelmente a pesquisa mais completa que fiz para um projeto até agora", afirmou o ator, um dos protagonista da nova série 'Os Eleitos', que se estreia na sexta-feira na plataforma de 'streaming' Disney+.

McDorman dá vida a Alan Shepard, um dos pilotos de teste escolhidos para integrar o grupo 'Mercury 7', da então recém-criada agência espacial NASA, que se tornou no primeiro americano a viajar para o espaço em 1961.

"Aprender sobre o programa Mercury foi muito educativo para mim", disse. "Quando senti que a pesquisa já tinha assentado no meu sistema, comecei a trabalhar nos maneirismos, nos atributos cosméticos e características que quis trazer para a minha versão dele".

O ator descreveu Shepard como "um homem complexo e muito privado", apesar da celebridade que alcançou, devoto à família e fã de uísque. "Tinha um desejo insaciável de ser o melhor, ampliar os horizontes, encontrar a linha e ultrapassá-la tantas vezes quanto humanamente possível sem morrer".

Como parte da preparação, os atores visitaram o Kennedy Space Center, na Flórida, e conversaram com astronautas. "Isso ajudou, estar no mesmo sítio e respirar o mesmo ar que eles, sentindo o mesmo calor húmido", afirmou McDorman.

Além disso, o ator teve de enfrentar um simulador que faz parte do treino dos astronautas e pode ser comparado ao tambor de uma máquina de lavar roupa.

"Eu e o Colin O'Donoghue [ator que interpreta Gordon Cooper] tivemos de entrar numa coisa que se chama MASTIF e que simula uma nave às cambalhotas. Atira-nos de um lado para o outro, em todas as direções, e mostra como a nave pode girar descontrolada".

Essas cenas poderão ser vistas no terceiro episódio. "Avisaram-me para não tomar o pequeno-almoço antes, eu não liguei e fui fazê-lo na mesma", contou. "Tivemos de o filmar não sei quantas vezes e no final desse dia acabei a sentir-me bastante batido".

O original da National Geographic parte do livro "The Right Stuff", publicado por Tom Wolfe em 1979, para contar a história dos primeiros astronautas.

"Se olharmos para o início do programa espacial em 1959, em que esta história se desenrola, é importante conhecer as suas origens humildes", considerou o ator.

"Do ponto de vista histórico, é muito educativo. Mesmo aprender porque é que escolheram pilotos de teste para fazer isto", continuou. "Porque nas nossas vidas sempre existiram astronautas. Mas estas pessoas que foram escolhidas eram pilotos de teste e tornaram-se nestes viajantes das estrelas".

O contexto também é importante, já que a corrida espacial foi impulsionada porque os EUA estavam muito atrás da União Soviética. "Só criámos o programa especial na América quando eles conseguiram pôr um satélite em órbita", lembrou McDorman.

O ator também disse ver paralelos na corrida espacial de há 60 anos e no momento que o mundo vive agora.

"De forma mais metafórica, e o motivo pelo qual acho que uma série sobre exploração espacial é importante neste momento, é que naquela altura isto era uma missão impossível", afirmou. "JFK [John F. Kennedy] pareceu ridículo depois do voo inaugural de Alan Shepard, ao dizer que queria pôr um homem na lua dentro de dez anos. Não tínhamos a tecnologia, as pessoas não percebiam o que era preciso, tivemos de inventar muita coisa na hora", disse.

Segundo ele, a mesma perseverança e unidade são precisas agora para enfrentar os desafios globais.

"Essa ideia de trabalhar em conjunto para atingir um propósito comum que parecia impossível é tão importante neste momento, quer falemos em injustiças sociais, alterações climáticas, há tantos problemas", afirmou. "São problemas que parecem impossíveis e será necessária uma unidade similar para os resolver".

Também considerou que a exploração espacial é uma lição de humildade. "Somos todos a mesma espécie quando se olha para a Terra a partir do espaço", disse. "Todos os astronautas de todos os países têm uma observação similar: olhar para o planeta a partir do espaço mostra que é tão frágil", afirmou. "Que tudo o que conhecemos desde sempre, todas as guerras, todos os feitos, tudo está ali, suspenso no universo, no meio das estrelas".

A possibilidade de romper a atmosfera terrestre "é de loucos e transcende política e cidadania", considerou. "O espaço une-nos mais como espécie".