"Tive uma relação muito tóxica onde havia violência física e psicológica. Mais psicológica do que física". Esta foi a revelação de Vanessa Henriques, irmã da cantora Rebeca, no programa 'Júlia', da SIC.

"A verdade é que é muito mais complexo do que as pessoas acham. Porque é uma manipulação tão pura e dura, é um domínio, um poder sobre ti que ficas tão frágil, tão em baixo, sem qualquer autoestima, que sentes mesmo que dependes dessa pessoa. E não dependes nada, zero", desabafou.

"Não há ninguém que tenha o direito de te reprimir, de te oprimir, de fazer de ti a pessoa que tu não és. Todas as pessoas são dignas de serem felizes e de não se permitirem a viver um ambiente hostil. E eu vive durante um ano", acrescentou.

Ao início, a família não percebia. Sabia que haviam divergências, mas "não ao ponto de lhe bater". "E depois percebemos que ela levou porrada algumas vezes", contou a cantora Rebeca.

Por sua vez, Vanessa Henriques explicou ainda que "sabia que aquilo não era normal". "O problema é que tu estás sempre à espera que vá mudar. Não muda nada, nunca. Quem estiver nessa situação é sair já. Só tem tendência a piorar. Não esperem que com um ramo de flores, uma prenda ou com um filho vai mudar. Não vai mudar nunca", frisou.

E só depois é que Vanessa contou o que se passava, "quando percebeu que não estava a conseguir sair sozinha". "Queria sair e não era capaz. Voltava sempre lá. Percebi que alguém tinha que me ajudar. Isto é importante. Se não tiverem ninguém, pais, irmãos ou amigos, vão a profissionais. Peçam ajuda. Eu pedi", apelou.

A cantora Rebeca detalhou que a irmã na altura precisou de ser acompanhada por um psicólogo e um psiquiatra, e chegou a tomar medicação. "Aquilo que mais me custou foi quando ela fez um piercing na língua e ele queria arrancar-lhe o piercing a sangue frio. Ela começou a gritar e nós percebemos que ela precisava de ajuda. O meu pai levantou-se [e foi ajudá-la]. Aí eu dizia-lhe: 'Vanessa, tu és tão inteligente, és tão bonita, não necessitas de uma coisa destas", lembrou a artista Rebeca.

"E eu sabia que não. O problema é que eu sozinha não estava a conseguir sair", salientou Vanessa, que contou ainda que "durante muito tempo foi perseguida", o que a deixou com medo.

Clique aqui para ouvir o testemunho de Vanessa, irmã de Rebeca.

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Se estiver a sofrer com alguma doença mental, tiver pensamentos auto-destrutivos ou simplesmente necessitar de falar com alguém, deverá consultar um psiquiatra, psicólogo ou clínico geral. Poderá ainda contactar uma destas entidades:

SOS Voz Amiga (entre as 16h e as 24h) - 213 544 545

Conversa Amiga (entre as 15h e as 22h) - 808 237 327 (Número gratuito) e 210 027 159

SOS Estudante (entre as 20h e a 1h) - 239 484 020

Telefone da Esperança (entre as 20h e as 23h) - 222 080 707

Telefone da Amizade (entre as 16h e as 23h) – 228 323 535