À conversa com Nuno Eiró, que esta quarta-feira substituiu Manuel Luís Goucha no programa da tarde da TVI, Helena Coelho, das Doce, lembrou a sua passagem pela famosa banda.

A dada altura, recordou, muito emocionada, a morte da mãe, vítima de doença oncológica em 1980, quando tinha 16 anos.

“Abdicámos de família, [...] da companhia dos nossos pais, e eu perdi a minha mãe muito cedo. A minha mãe faleceu na altura do primeiro Festival da Canção Doce. Não [tive tempo para parar e fazer o luto]", confessou em lágrimas no programa 'Goucha'.

Ainda sobre a partida da mãe, acrescentou: "A minha mãe passava muito tempo fora de casa quando eu era miúda [também era artista]. [...] Durante muito tempo, achei que a minha mãe tinha ido para uma tournée. E depois como eu andava também muito ocupada, durante muito tempo foi isso que senti".

Questionada por Nuno Eiró em relação ao dia em que "percebeu, conscientemente, que não havia tournée e que a mãe não voltava", Helena Coelho desabafou: “Lembro-me! Foi horrível… Não me lembro de chamar pela minha mãe. Eu tinha 16 anos quando ela partiu. E hoje quando oiço a minha filha ou o meu filho dizer ‘mãe’, penso ‘bolas, eu já nem lembro de chamar pela minha mãe’".

"Foi muito difícil, nós privámo-nos de tudo em prol daquele projeto, nada mais interessava que não fosse as Doce", afirmou.

"Desde miúda que queria seguir o mundo do teatro, queria o espetáculo, e queria casar, ter filhos e uma casa com piscina. E até de filhos eu tive de abdicar. Fiz três abortos durante as Doce. Houve um que saí do sítio onde o fiz, peguei nas malas e fui para o avião para ir para a América para uma tournée. E foi muito difícil. Eu não queria fazer, queria ter essas crianças, mas não podia. Qualquer uma de nós a quem isso acontecesse, se o fizesse, acabava com o grupo. Porque o grupo eram aquelas quatro mulheres", lembrou.

"Nem eu nem nenhuma delas nos sentíamos no direito de ter o direito de derrubar aquele projeto que era de todas, e era por nós", disse ainda.

Apesar de tudo, "não se arrepende do que fez", mas sim "do que não fez". "Está feito, assumo o que fiz, e fiz em prol de uma causa em que acreditava e pela qual lutava. Portanto, continua a fazer sentido tê-lo feito, e nem sequer vale a pena pensar nisso porque não vai alterar absolutamente nada. E tenho dois filhos maravilhosos que sabem toda a minha vida e toda a minha história", completou.

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